Vale a pena.


Algumas pessoas associam estável com estagnado, mas aqui não.
A estabilidade é sinônimo de progressos, grandes progressos.
Até tempos atrás nossa grande luta era aceitar, depois nos acostumar e hj  estamos apenas vivendo e sendo felizes.
Esse ano foi mto, mto diferente do ano passado.
No ano passado eu estava na crise de aceitação ,ainda estava de luto da dor de ter perdido meu filho e a minha vida. Algumas coisas estavam obscuras e eu não conseguia ter uma projeção de como seria a nossa nova vida, sendo assim, não conseguia imaginar que seria boa É engraçado como uma coisa coincide com a outra, esse ano foi totalmente diferente do ano passado, o mundo lá fora não mudou quase nada, mas o tanto que mudamos por dentro foi determinante para nossa felicidade.
Eu sinto uma coisa nova dentro de mim.
Uma visão diferente da minha relação com o Artur.
Uma relação diferente, mais interiorizada, mais nossa.
Uma relação que consegue deixar as dificuldades do mundo lá fora de lado e que ao mesmo tempo me enche de energia para lutar contra todas elas.
Eu me sinto madura e crescida como mãe do Artur.
A revolta passou, a dor também.
Sim!! É possível ser feliz tendo um filho autista.
E não teria como ser diferente convivendo com pessoas maravilhosas que a vida colocou a minha volta.
Todo mundo cresceu.
Minha filha continua um anjo, mas claro, um anjo que cresce na bondade e compreensão a cada dia.
Papai se tornou um exemplo de responsabilidade, de amor. Tenho muito orgulho de tê-lo ao meu lado.
A vida não é mais amarga, acho que hoje eu já posso dizer que eu não sou mais uma farsa.
Hoje eu sou quem eu sou. A mãe do Artur com diagnóstico de Espetro autista, em investigação de erros inatos no metabolismo que é um exemplo de superação e determinação.
Resignação, superação e realização seriam palavras legais para me definir hoje.
Como eu disse na postagem anterior, Artur é na medida exata para o que eu preciso. É a minha real lição de viver e finalmente, me vejo engatinhando para essa vida.
Nascemos juntos e estamos crescendo tbm.
Cada passo, cada conquista, cada vitória, eu aprendo a ser uma mãe no mundo dele e ele aprende ser o Artur do nosso mundo.
Tem sido tudo muito bom, estou muito feliz com NOSSOS progressos.
Vejo meu filho crescendo, me enchendo de tantas esperanças que são totalmente diferentes de espectativas.
Artur hoje sabe quem somos, sabe o que quer, escolhe o que gosta de fazer, canta suas músicas. Diz papai, vovó, diz Laura, Dá, vamos e principalmente, Artur aceitou viver em nosso mundo.
O mais importante disso tudo é não nos esquecermos que apesar disso, que mesmo aceitando estar em nosso mundo, ele tem dificuldades.
Antigamente Artur chorava e fazia birras por ter dificuldade de se comunicar, por não saber expressar o que queria, atualmente, Artur faz birras justamente por saber o quer e não conseguir.
Conseguimos fazer ele falar, conseguimos fazer ele escovar dos dentes, ele tomar remédios mesmo reclamando, conseguimos fazê-lo aprender tantas coisas tudo com amor e dedicação. Como valeu a pena.
Eu não quero mais sofrer por isso. Eu não quero mais sofrer por ser mãe do Artur.
Vou sofrer sim pq as coisas não são fáceis, pq o mundo realmente não é preparado para recebê-lo, mas hoje meu filho pode contar comigo pq sinto-me preparadíssima para lutar por ele.
O amor falou mais alto mais um vez em minha vida.
A paz tomou conta de meu coração.
A dor ficou para segundo plano.
Os desabafos continuam, nossa história também.
E eu quero todos vocês aqui comigo.
Ontem, hoje e sempre.

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Os olhos da esperança


Eu era uma pessoa sem esperança.
Eu não tinha fé.
O que é fé para você??
Para mim fé é acreditar. Acreditar no que??
Acreditar em tudo, é ver a luz no fim do túnel é entender que quando a luz está apagada é hora de esperar.
Mas pq sempre temos que esperar?? Esperar pelo que??
Pq ao contrário do que eu pensava, não tenho o comando de tudo; Esperar que as coisas se encaminhem conforme o necessário.
Muitos dias chorei por não saber esperar, tomava as decisões, caía, levantava, sofria, fazia sofrer, me magoava e magoava.
Eu não era nada e hoje sou apenas um instrumento dos acontecimentos, faço parte deles.
Acontece com todos nós, todos somos assim.
A vida toma seu curso e querendo ou não nos leva para o que ela quer.
Sempre achei que tinha dado o meu melhor para a vida, que era honesta, batalhadora, sofrida, que era uma boa mãe para minha filha, uma pessoa competente no trabalho e que tinha dificuldades de me relacionar com as pessoas.
De repente a vida me tirou tudo de uma forma estranha.
Eu tinha tudo, mas me sentia um nada. Esqueci totalmente o que era viver. A escuridão do túnel tomou conta da minha vida e eu não sabia entender e esperar que ela se acendesse e mais, não aceitava o fato da direção em que a luz acendia não ser a direção que eu desejava.
A fé acabou, a esperança tbm.
 Foi a primeira vez que eu morri.
Talvez as pessoas ao lerem o que escrevo, não compreendam a expressão morrer a qual me refiro.
Mas digo a vocês: não existe morte pior do que aquela que lhe deixa ainda no mundo, consciente de tudo o que acontece, mas impossibilitada de viver.
Sim, eu morri, ou como eu preferi dizer naquele dia estranho: "Serei como uma lagarta, vou para um casulo e renascerei."
Meus olhos se enchem de lágrimas ainda qdo penso nisso.
Como eu poderia ter tanta razão quando justamente a razão me deixou naquele momento???
Não tenho a resposta, talvez tivesse, não choraria.
E de que adianta viver quando não corre vida por suas veias?? 
Pergunta complicada de responder.
Era a pior crise depressiva da minha vida.
Era o fim??
Sim, era o fim.
Eu morri. Aquela Roberta não poderia mais viver dentro de mim.
Totalmente condenável aqueles acontecimentos daquele dia.
Mas incrivelmente, aquele dia eu tinha razão, tanto que chego a cogitar que naquele dia, nem estive dentro de meu corpo, tamanha razão que tomou conta de mim.
Morri e renasci. Não tive tempo de nada. 
Me vi sem nada, sem dignidade, sem paz, sem amor para dar, sem capacidade para receber e no outro dia, a vida, minha nova vida olhou para mim e disse: Se vira, você vai viver e pronto.
Um mês me adaptando ao "novo corpo" e com dois meses entendi o que realmente a vida queria de mim.
Brinco que eu tropecei no autismo.
Pq é um tropeço. Vc está caminhando pela vida, tentando entender todos os caminhos tortuosos, às vezes curte a paisagem, quando vem um buraco, você pisa e cai.
Posso afirmar que me sinto a Alice no país das maravilhas. Caí num mundo onde a vida tomou conta de mim.
Não sabia para onde eu ia, não importava tbm onde ia chegar, o importante era ver a vida onde quer que eu estivesse. Vi coelhos tbm, vi gatos, vi gente estranha e nesse buraco tbm tem a rainha má, como em todos os contos de fadas.
Vivo o meu conto de fadas hoje.
Nele, é diferente, os dias são de dar medo, os desafios aparecem e nos tentam destruir, mas à noite, quando tudo se acalma, ele vem, pega na minha mão, me leva para a cama e me empurra com seu jeito lindo de dizer: Mamãe, eu quero dormir.
Eu deito e ficamos nos olhando. Ele olha nos meus olhos e depois de um tempo desvia pq ele sabe que quando eu olho em seus olhos posso ver sua alma. Ele ouve meu olhar me perguntar o que tem lá dentro.
E mais uma vez vem a resposta:  Se você não sabe para onde vai, pq quer saber o caminho?
E eu continuo olhando os seus olhos e procurando a vida que não existe. Mas aí é onde está o segredo. A vida normal nunca me interessou, a vida normal nunca seguiu seu curso em minhas mãos e então eu fui premiada com a vida desconhecida.
Quando olho para dentro dos seus olhos e procuro a vida que não existe, vejo heranças daquela Roberta que não existe mais. Mas a Roberta de hoje chega logo, manda tudo isso embora e diz: a grande beleza da vida é poder enxergar beleza nas pequenas coisas.
Tanta vida eu tinha e não tinha visão para ver e hj agradeço a delicadeza de poder ver beleza nas pequenas coisas.
A graça de tudo está nisso.
Sentir o sabor do seu olhar, ter fome de amor, saber o cheiro da felicidade e ver que o sentimento é a base de tudo.
E quando ele olha nos meus olhos, ele sorri para mim, eu sorrio para os dele e eles desviam.
Quando ele fala comigo, não entendo sequer uma palavra, mas sinto tudo, sinto um amor invadir meu coração e me sinto especial. Meu Deus, como eu era carente, como é bom saber sentir alguém querendo sua presença, querendo seu toque, eu nunca soube sentir nada disso.
Nunca soube dormir agarrada em alguém, nunca soube o que fazer direito ao ouvir um "eu te amo", eu sentia medo.
Quando pisei no mundo da maternidade aprendi o que é o amor sem interesses, o amor de amar e pronto, o amor de vc ser vc mesmo e ainda assim fazer alguém feliz.
Mas o mundo nos atrapalha, nós não temos uma visão privilegiada de tudo. Então, enquanto eu me achava a melhor mãe do mundo para a Ana Laura, Artur veio me mostrar o que é o grande amor verdadeiro.
Hoje, sei amar qualquer pessoa. Sei amar minha filha muito mais do que antes e de quebra, como eu duvidava ser possível, aprendi que se pode amar duas pessoas exatamente da mesma forma, o amor de mãe DUPLICA e não se divide.
Sei compreender qualquer pessoa e aprendi tbm a ter o meu mundinho.
E é nesse meu mundinho, que divido com algumas pessoas, que aprendo a praticar o que é dormir agarradinha com alguém sem ter falta de ar, dormir ignorando o mundo lá fora, as pessoas do mundo que não convém e principalmente, aprendi a ter esperanças.
Não posso descrever como é seu abraço, mas é repleto de energia, de luz, é perfeito. Largo tudo na vida por um abraço seu e se estiver no banho, tomamos banho juntos para eu poder ter seu abraço.
Nos seus beijos babados eu me revigoro. Vc me beija com seus lábios, com seus olhos, com sua alma.
Em seus olhos eu vejo isso: a esperança.
A esperança do mundo, da vida, da luta, da paz.
Em seus olhos eu posso me ver.
Ver a mãe que me transformei, a mãe que eu gosto de ser.
Em seus olhos eu aprendi a compreender que para aprender coisas novas, vc deixa para traz muitas outras que aprendeu.
Então, não me apago nas suas palavras, nas suas músicas cantadas, eu me apego na sua vontade de falar, de cantar.
Em seus olhos eu me vejo crescer.
Em seus olhos eu posso ver que eu nunca fui nada.
E que eu sou uma pessoa melhor graças a vc.
Em seus olhos eu aprendi a viver.
Em seus olhos eu aprendi a amar, amar o mundo, a vida, as pessoas, as diferenças, a mim mesma, minha outra filha, meu marido, meus pais e tudo mais.
Em seus olhos me vejo simplesmente completa.
Nunca deixe de olhar para mim, Artur.
Pq quando eu não tinha mais vontade de viver, a vida ironicamente, me colocou no caminho alguém que eu precisava ensinar a viver.

E eu vivo, vivo a vida que não pedi a Deus, mas q não troco pela vida de ninguém. 


* totalmente inspirada em Dayse Luna e Amanda Cabral.!!!!

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Amor pouco falado


Amigos, queridos, parceiros e pq não amores.
Estou atrasadinha eu sei, mas estava ocupada cuidando dos papais lindos que eu tenho na minha vida.
Mas nunca é tarde para homenageá-los, não é?

Eu poderia falar muitas coisas sobre os papais, mas sabem, acompanho um blog muito fofo e especial e nele vi uma postagem maravilhosa, então, vou fazer um 'empréstimo' da postagem e dividir com vocês.
O Link do blog é esse: Lagarta vira pupa.
E aqui é o texto:

"Eu acredito que o mundo seja injusto com os bons pais. Porque os maus pais são sempre os lembrados. Os que não assumem seus filhos. Os que abandonam um filho com necessidade especial. Os que não ajudam as mulheres em sua dupla jornada, não trocam fraldas, não levantam de madrugada, não dão banho nos filhos. Esse personagem paterno maquiavélico acaba roubando os holofotes na maioria das vezes.
Mas eu estou aqui pra falar de PAIS. Não de fazedores de filhos. Porque, pra mim, esses do primeiro parágrafo não passam disso.
PAIS de verdade amam seus filhos. Esperam ansiosamente pela chegada deles. Ficam extremamente ansiosos no dia do parto…às vezes, até mais que a esposa ou companheira.
Pais de verdade podem até não saber fazer um monte de coisas, mas tentam aprender.
Pais de verdade projetam um futuro brilhante para seus filhos. E sofrem profundamente quando algo acontece nesse percurso. Sofrem, provavelmente, mais que as mães. Porque, pense comigo, homens foram criados – nessa nossa sociedade ainda machista – para serem provedores do material e do imaterial. E crescem entendendo que devem saber consertar TUDO. Absolutamente tudo que está errado na casa, no carro, na família.
Até que, um dia, um médico chega para alguns desses pais de verdade e diz “seu filho não vai ser exatamente como você imaginava. Ele tem algo que vai acompanhá-lo para o resto da vida. E não há como dizermos como ele vai ficar no futuro”.
A mãe, que está junto, vive um luto, sofre profundamente, preocupa-se com o futuro, aceita e, por fim, vai à luta. Esse pai de verdade também passará pelo mesmo processo, mas com uma dificuldade a mais: ele foi treinado a vida inteira para ser o cara que conserta tudo. E agora? Como ele vai encarar a esposa e dizer que não conseguiu resolver a situação? Como ele vai olhar seu filho nos olhos e dizer que não pode ajudá-lo a livrar-se daquele futuro incerto?
Então, ele vai chorar. Porque pais de verdade também choram. Pode parecer que não, simplesmente porque muitos deles ainda foram criados ouvindo aquela máxima de que “homem tem que ser forte sempre e nunca chorar”. Mas eu te garanto que eles choram…escondido, quando acham que ninguém está ouvindo ou percebendo.
Pra esses pais, o que eu queria dizer é isso: nós sabemos que vocês também sofrem! Nós ouvimos vocês chorarem à noite, quando pensam que já dormimos! Nós entendemos o sofrimento adicional que vocês têm por não conseguir consertar isso também! Nós sabemos! Nós entendemos…
E isso só nos faz admirá-los ainda mais.
Um feliz Dia dos Pais pra todos os pais de verdade!"

E eu poderia o que mais acrescentar nesse texto?? Nada, né??
Muitos beijos.
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Pequenas coisas, grandes mudanças


Acreditar no amanhã, no progresso, na vida, na felicidade, viver é isso.

Quando criei meu blog sobre a maternidade, não imaginava que tinha um filho autista, a proposta do blog era mostrar aos meus filhos quando eles crescessem tudo o que vivi como mãe deles.
As coisas na minha vida tomaram outro rumo, esbarrei em tantas coisas e hoje eu continuo a mãe que queria, aliás, ultrapassei minhas expectativas, ainda cheia de inseguranças como todas as outras mães, arrisco a dizer que hoje eu sou a mãe que sempre sonhei em ser.
Minha vida mudou e a proposta dela tbm, imensamente.
Mas porque mais um blog que fala sobre autismo??
Bem, essa não é a minha proposta, mudei a proposta do blog pela dificuldade de encontrar mães que topassem e pudessem dividir nossas dificuldades. Quando o autismo bateu à minha porta, procurei desesperadamente por informações, mas sempre onde ia eram sempre as mesmas coisas: mães desesperadas como eu, mães despreparadas como eu, algumas outras afundadas na sua dor, outras sem tempo mesmo. Aprendi a respeitar todas elas a seu modo com o passar do tempo.
Como eu sou boca aberta, o blog tá aqui.
Artur e sua paixão: livros e revistas

Mas não é disso que eu quero falar.
Eu quero falar de como coisas simples e aparentemente tolas podem mudar nossas vidas.
Muitas vezes nos reservamos em nossa dor, em nossos afazeres e não temos a oportunidade de DIVIDIR, em vários momentos dividir, ou melhor dizendo, somar, ou na mais perfeita expressão: COMPARTILHAR.
Esses dias li na internet dicas de como estimular nossos filhos a ser independentes.
Uma das dicas falava sobre ensinar nossos filhos a se vestirem sozinhos.
Gente, quando li aquilo fiquei imaginando que Artur demoraria séculos para atingir aquele estágio.
Quando digo que sou uma mãe que zerou expectativas, creio que algumas vezes esteja enganada. Aquela informação ficou em minha mente por mais de um dia e à noite, na hora de vestir Artur, fiz o teste.
Segui a dica e fiquei muito surpresa com o resultado, foi impressionante.
Como ele já nos ajuda colocando os braços nas mangas da camisa, eu só não abaixei ela depois que vesti. deixei na metade da barriga e para a minha surpresa, ele baixou a camisa e arrumou (lindo), fiquei tão emocionada, meus olhos se encheram de lágrimas e continuei. Cada dia eu tento uma parte, ontem foi a calça, eu o deixei em pé e coloquei a calça até a metade das coxas, para minha surpresa, desajeitadamente, Artur subiu sua calça. Nós fizemos a maior festa, aplaudimos e ele ficou todo feliz. Como  deu tão certo, resolvi arriscar, mas sabia que poderia não dar certo. Hoje eu fiz com as meias coloquei sem jeito até uma parte do calcanhar, não encaixou, mas tbm ficou simples, era só puxar e para a minha surpresa ele ajeitou as meias, fiquei tão feliz, tão emocionada e a primeira coisa que pensei foi nessa pessoa de coração nobre que optou em compartilhar isso comigo, com todos.
Agradeci a Deus por ter acesso tbm.
E é assim, vamos dividindo, compartilhando, amando e lutando. Porque eu realmente acredito que quando eu luto por mim, indiretamente estou lutando por você.
Artur no restaurante almoçando, quem poderia acreditar que ele faria isso?



Peço que orem por uma amiga querida, ela está passando pelos momentos mais difíceis do autismo: a dúvida.
Esperar por um diagnóstico para arregaçar as mangas e lutar é algo torturador. Vamos rezar para que ela tenha a mesma sorte que eu ou não rsrs.
Que se o autismo for bater à sua porta, que entre o mais breve possível em suas vidas e que ela possa provar todas as dádivas que ele traz, porque sim, existem muito mais dádivas do que dor.

Beijos a todos!!!
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Mais presente


Na semana passada, eu falei aqui sobre estar mais presente na inclusão do Artur na escola. Ah, inclusão para quem não sabe, é uma palavra muito usada por aí, tem um significado lindo nas leis, mas na realidade não é bem assim, às vezes chego a duvidar de sua existência.
Bem, eu fui autorizada a entrar na escola do Artur durante o horário da última refeição para ver ser conseguiríamos resolver o problema dele não querer comer.
Admito que num primeiro momento eu disse para meu marido: Não quero ir!!
Um medo toma conta de mim quando penso na escola, quando me vejo questionando a escola. Eu tenho medo, medo de sofrer, medo de ver o que não gosto, medo de ter q ir até as últimas consequencias para resolver meus problemas lá. Porque se for preciso, assim farei.
Depois, pensei com calma, escrevi aqui sobre eu nunca ter facilitado muito as coisas sobre a inclusão do meu filho com a escola, de eu ter jogado tudo no colo das professoras, coordenadoras e diretoras dando liberdade total para elas agirem como prefererem.
Fui para a escola com o coração na boca, cheguei cedo porque fui de carona, passei uma meia hora do lado de fora da escola, mãos suadas, cólicas de nervoso, tive medo de ter dor de barriga e ter que sair correndo.
Finalmente deu 15H10, toquei a campainha e esperei alguém, me levaram ao refeitório e eu fiquei esperando Artur.
De repente,  o vi entrando, de mãos dadas com a auxiliar, quando ele me viu, saiu correndo abriu os braços, pulou no meu colo, eu me abaixei, ele me puxou para perto, encostou seu narizinho no meu e ficou me olhando, um sorriso delicioso nos lábios. Um momento que durou segundos e ficará guardado comigo pela eternidade. Ali, naquele ambiente estranho, triste para mim, onde meu filho não era meu, meu filho não é meu Artur, ele era meu, ele escolheu a mim.
Eu fiquei toda inflada de orgulho, com aquela cara: Viu?? Ele é meu bebê, ele sabe quem eu sou, ele não é um saco de batatas que não sabe escolher as pessoas que gosta, aqui é assim porque ele não tem escolha. 
Conversei muito com Artur, taí outro momento breve que nunca esquecerei.
Estava tudo bem, até que ele viu o prato de sopa. Digo que o aspecto da sopa não era o mais agradável, tentei de todas as formas dar um pouco para ele provar, inclusiva na marra, já que ele adora aprontar dessas conosco. Nós damos a primeira colherada na marra, ele sente o sabor da comida e como todo o restante sem problemas rs rs.
Mas não houve jeito, ele cuspiu tudo, me sujou toda, acabei provando da sopa sem querer e apesar do aspecto ruim, era gostosa.  Ele não quis, concluí que ele não gosta da sopa e pronto.
Ganhei muitos mais beijos quando levei o prato para longe, abraços aos montes e notei que era hora de ir embora.
Me despedi com o coração em pedaços, ainda era cedo para a saída, eu precisava ir. 
Vê-lo andando, olhando para trás, com aquele olhar de mãe vem comigo foi desolador, aqueles pequenos passos em direção à sala de aula, a distância aumentando e ele virando ainda mais seu corpinho para me olhar foi uma despedida dolorosa. Ele não era mais meu, eu tinha que bloquear meus pensamentos sobre o que ia acontecer lá, a auxiliar disse que ele iria tomar um banho porque estava sujo das brincadeiras no parque. 
Restava eu também me virar e ir embora.
Fui para a sala da diretora resolver como faríamos e ficou acertado que na hora do jantar, ele tomará um leite, afastado das outras crianças para que elas não queiram leite também.
Falei que tudo bem a forma que fariam, desde que meu filho não fiquesse muito tempo sem comer.
Saí de lá, mais calma, mas tenho certeza de que NUNCA, JAMAIS, em momento algum ficarei tranquila de deixar meu filho lá e dar as costas.
Isso me dói, me mata, isso me enjoa, isso me destrói.
Todos os dias eu rogo a Deus para que cuidem bem do meu filho.
O que me deixa realmente mais tranquila é o fato de que Artur hoje sabe o que lhe é bom e mal, ele faz escolhas e se a escola não fosse boa para ele, hoje eu tenho certeza de que ele não ia querer ir.
É o que me consola.
E vamos crescendo, porque é isso que a vida quer de nós, não é?

Beijos e até nossa próxima viagem

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Crescendo todo dia


Quando eu era criança eu já sabia e sentia que Deus tinha planos diferentes para mim.
Eu era diferente de outras crianças, eu era carente demais também.
O que eu levava dentro de mim é que eu nunca seria uma pessoa comum, que eu tinha vindo ao mundo para fazer alguma diferença.
Hoje, se meu psiquiatra lesse isso diria: Bora aumentar a dosagem dos remédios, bipolar sequelada??
Mas eu quero que ele se dane. Ele está certo e errado.
Durante toda a minha vida eu precisei de remédios sim, mas o meu remédio sempre foi as lições que a vida me deu.
Nunca houve um rivotril que mudasse a minha vida, em contra partida não houve uma dor que não me fizesse crescer.
O que me entristece é olhar para mim e ver o quanto eu era e sou pequena, porque o tanto de dores que já vivi, dariam para contar num livro.
Aliás, muita gente ao saber da história da minha vida me pergunta porque eu não encaro o desafio de escrever um e eu sempre respondo que não sou digna, algumas partes da minha vida são recheadas de episódios ruins, vergonhosos. Deixa tudo lá adormecido que é melhor.
Eu tenho um irmão, ele é dóis anos mais novo do que eu e ele sempre foi 'diferente'.
Gente, eu sempre digo: Ser diferente 30 anos atrás era um martírio.
Meu irmão tem o diagnóstico de encefalopatia crônica. Ele sempre teve atraso no desenvolvimento. Até poderia ser um autista, mas não é.
Era tudo tão difícil, as crianças não eram ensinadas a respeitar as diferenças, não existia nenhum trabalho para mostrar que as diferenças existiam e assim que eram notadas, quem as possuía virava motivo de piada.
Quantas, quantas vezes na minha vida me vi socando, metendo porrada, pedrada e paulada em marmanjo que fazia piadinhas com meu irmão.
Então, eu cresci assim, no meio do preconceito, no meio da podridão do ser humano.
Por isso mesmo antes de ter um filho e um outro irmão especial, eu nunca, nunca concordei com a falta de respeito com as diferenças entre as pessoas.
Sempre achei uma pessoa que é capaz de rir de alguém que possui dificuldades muito mais podre do que alguém que tem coragem de beijar uma pessoa do outro sexo, aliás, serei bem honesta, uma comparação dessa para mim nem faz sentido.
Porque para mim, onde existe amor, existe beleza. Onde existe respeito, tem que ser respeitado e pronto, fazer uma comparação como essa, beira o ridículo para mim, mas algumas pessoas fazem, né?
Meu irmão não teve tratamento, meu irmão não teve ajuda de ninguém além dos meus pais.
Sempre critiquei a forma que meus pais mimaram meu irmão. Sempre critiquei a forma que o super protegeram.
Mas sabe, hoje é dia de pedir perdão por julgá-los.
Perdão papai e perdão mamãe.
Hoje, 30 anos depois, a vida é tão linda.
Tem leis protegendo nossos anjos, tem gente em cada canto do mundo defendendo as diferenças, hoje temos tratamentos, hoje temos psicólogos para trabalhar nossa dor e ainda assim, tenho vontade de colocar meu filho em meus braços e não deixá-lo mais sair. Vontade de protegê-lo das pessoas cegas, das pessoas que não sabem lidar com as diferenças, do mundo.
Eu tenho uma forma muito diferente de pensar, de tratar meu filho.
Eu sou uma mulher mais dura, que vive preocupada com o amanhã, então, eu tento criar meu filho para o amanhã.
Em toda minha vida me perguntei porque vocês super protegiam meu irmão. Em toda minha vida achei isso completamente errado.
Muitas vezes brigamos, discutimos, nos magoamos porque simplesmente eu não conseguia entender.
Eu tenho um marido maravilhoso, eu tenho uma filha linda que me ajuda e vive para nós. Eu tenho amigos lindos.Eu tenho um DEUS que nunca me abandona.
O que vocês tiveram???
Vocês não tiveram nada. Vocês apenas tiveram o amor.
Hoje, olhando para meu irmão, tentando ser feliz a seu modo, tentando morar sozinho na rua ao lado, sabendo ler, escrever, fazer contas, passando o dia na frente do notebook, eu só consigo pedir a Deus, que eu consiga que meu filho tenha conquistas assim também.
Sim, eu nunca disse isso, mas hoje vou dizer, eu tenho muito orgulho de vocês.
Sim, hoje eu entendo porque ele era tão querido, porque ele tinha mais atenção do que eu e peço desculpas pelas crises de ciúme.
Olho para minha vida e dou risada, tamanha a ironia que é.
Cá estou eu, com uma filha mais velha que foi filha única por 10 anos e um filho mais novo que tem dificuldades. Faço malabarismos, faço buscas no meu passado, vasculho tudo procurando não cometer coisas que eu julgo erros e tentando acertar no que acertaram.
Talvez, se vocês tivessem feito tantas outras coisas que não fizeram, ele fosse mais do que é, vejo potencial nele para isso, talvez tivesse ido mais longe, mas ao mesmo tempo, vejo o melhor dele, porque vocês deram o melhor de vocês dentro das possibilidades disponíveis.
Comparar como meu irmão foi criado com a forma que meu filho é criado seria tamanha injustiça.
E eu estou crescendo, deixando de ser aquela menina carente e ciumenta, eu estou crescendo aprendendo a ser mãe, a ser uma mulher digna, como vocês sempre disseram que eu deveria ser.
Então hoje, a minha postagem é de pedido de desculpas por ser tão injusta com vocês e para agradecer por nos dar tanto amor e ensinamentos.
 E digo mais, sei que para vocês dois, isso vindo de mim, é algo sublime, porque eu sou casca dura, eu sou aquela pessoa que não dá o braço à torcer, eu sou aquela 'ogra', grossa que vocês sabem que eu sou, mas eu sou quem ama vocês.


Beijos Mamãe e Papai, amo vocês!!!!

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Eu sou uma farsa!!!!


90% das minhas postagens aqui são feitas por impulso.
Sinto-me angustiada, não tenho onde enfiar a dor que sinto e vomito ela aqui.
Mas dessa vez eu pensei muito, há muitos dias eu quero dizer isso, não consigo, fico adiando, mas acho que vocês precisam saber.
Claro q Deus me deu o dom de transformar esse vômito em palavras de força, de determinação, mas hj eu vou dizer toda a verdade sobre as mães que tem filhos especiais.
Tenho certeza que a maioria das mães que tem filhos especiais vão concordar comigo, as que não concordarem, farei questão de conhecer e implorar a receita de como é possível ser como são.
Bem, vamos à primeira verdade:
Toda mãe que tem um filho especial SOFRE!!!
Sofremos todos os dias ao ver nossos filhos terem dificuldades!!
Não importa o tamanho das dificuldades deles, não importa o que eles precisam, o que eles não fazem, é nosso filho, vai doer, vai sangrar.
Ver seu filho não ter as necessidades mais comuns de uma pessoa serem atendidas é doloroso.
Segunda verdade: as mães choram, as mães especiais se REVOLTAM.
Sim, eu olho para o céu às vezes e me pergunto porque Deus achou que eu não merecia ter um filho como todos os outros tem. Esse tal cristianismo que nos faz acreditar que tudo o que não está dentro dos padrões esperados é um castigo. (desculpem por falar eassim, mas eu disse q falaria tudo).
Se nossos filhos não andam, quando vemos uma criança do mesmo tamanho andando, choramos. Se nossos filhos não falam, ver uma criança da idade deles falando, faz você chorar de tristeza porque seu filho não pode. E assim acontece com qualquer dificuldade que exista.
Acontece que tamanha a dificuldade que temos, aprendemos a valorizar em dobro o que temos, porque as incertezas da vida nos fazem comemorar cada coisinha.
Nós experimentamos a forma mais sublime de amor que existe na face da Terra, nós provamos do amor mais difícil, do amor que ultrapassa todas as barreiras, do amor que não importa a dificuldade, a 'falta de beleza', a falta até mesmo de uma retribuição clara desse amor. 
Nós aprendemos a reconhecer um olhar de afeto, um olhar de apelo, um olhar que diz: "fica aqui comigo", um olhar de " eu estou com dor".
Nós vivemos com uma incerteza dolorosa. A incerteza de não saber nosso futuro.
As projeções mais simples que qualquer ser humano pode fazer.
Nós não saberemos o que nossos filhos vão ser quando crescer, muitas vezes nem sabemos se eles crescerão.
As mães especiais (não no meu caso, felizmente) dormem e não sabem o que acontecerá no outro dia, se terão outro dia ao lado de seus filhos, sequer sabem onde passarão esse dia com eles.
As mães especiais são segundo plano, deixam qualquer sonho, deixam de viver tudo em prol de uma vida.
As mães especiais, engravidam como você, tem sonhos, pensam no enxoval, pensam em amamentar os filhos, querem vê-los andando, correndo, brincando.
As mães especiais perdem seus filhos assim que descobrem que eles não se encaixam em tudo o que elas sonharam.
As mães especiais tem que matar duas pessoas quando se descobrem: matam a si mesmas e aquele filho tão esperado que não veio.
Sim, aquela mãe e aquele filho não existem, não tem que viver dentro de nós, isso atrapalha. As mães especiais SE MATAM E MATAM tbm!!!
Mas as mães especiais imediatamente após a perda de um filho tão querido e à perda se si mesmas tem a oportunidade de engravidar imediatamente novamente.
Então, começam do zero, a barriga não cresce, mas vc pode acompanhar o seu nascimento, o seu crescimento e do seu novo filho também.
Por mais que seja uma vida prazerosa, afinal a maternidade é um prazer, nós choramos sim aquele filho perdido constantemente.
Mesmo que em raros momentos, por conta das dificuldades, a gente lembra daquele filho que não pode viver, choramos aquela mãe que não pudemos ser.
Daí vem a revolta de novo: "porque não posso ter aquele meu filho?"
Não, não é falta de amor pelo nosso verdadeiro filho, nunca!!
O que sentimos é medo.
Medo do diferente, das dificuldades, medo porque só nós conseguimos ver o amor, só nós conseguimos ver uma vida, só nós conseguimos driblar qualquer dificuldade, mas o mundo não.
Temos medo das pessoas que não aceitam nossos filhos, medo porque não estaremos com ele para o resto de suas vidas na maioria das vezes, medo porque as pessoas não amam o que não é normal para elas.
Medo porque nem todos possuem nossa coragem, nossa fibra de acordar pela manhã olhar para o lado e dizer: Deus, graças a Deus por mais um dia em que eu tenho meu filho.
Medo porque as pessoas não sabem e muitas vezes NÃO QUEREM nos entender e nem entender nossos filhos.
Medo porque nosso amor é considerado LOUCO, medo porque sempre somos as CULPADAS por termos filhos assim e mais CULPADAS por mantê-los assim.
Medo porque descobrimos o quanto o mundo é sujo, o quanto é triste ter que esbarrar constantemente em pessoas PODRES, sem coração, sem HUMANIDADE dentro de si e não satisfeitas em maltratar e rejeitar nosso amor, rejeitam nossos filhos.
O que nos alimenta a vida, são os sorrisos, aqueles mesmo dados com olhares, são pessoas que se propoe a nos compreender e ajudar, sim!!! Elas existem!!!
O que difere as mães especiais umas das outras, além das dificuldades, é a maneira que elas encaram tudo isso.
Algumas ainda não amadureceram o suficiente, mas são raras e logo estarão prontas, ou não, tudo depende para o que.
Nós mães especiais, além de ter q matar nossos filhos, nos matar, devemos escolher a vida sempre e acreditar nela acima de tudo.
Nós decidimos pela vida, por viver a vida que podemos, a vida que merecemos e não a que sonhamos ter um dia.
Nós somos felizes sim, nós somos guerreiras sim, nós somos pessoas escolhidas porque somos fortes e só ganhamos motivos para desenvolver e aprimorar nossa força. 
Nós somos alegres tbm, mas por favor, não ache que só porque aceitamos a condição de não ter um filho como todos tem, devemos aceitar qualquer coisa para nós e para nossos filhos.
Vivemos em frangalhos, mas não queremos migalhas.
Não temos uma vida que qualquer pessoa queira ter, mas não merecemos ser massacradas porque muitos invejam nossa força ou acham que se não somos 'dígnos' de ter um filho 'normal', não  somos dignos de nada.
Somos dotadas sim de uma grande nobreza de espírito, mas nunca se esqueçam: elas serão usadas com quem merece, por quem merece que são NOSSOS FILHOS e as pessoas HUMANAS.

Viram?? 
Eu sou uma farsa, não sou como você pensa que eu sou.
Eu vivo assim porque PRECISO, aprendi a ser feliz assim, mas isso não quer dizer que se pudesse escolher, se eu pudesse crescer de uma forma menos pesada e penosa para meu filho, eu escolheria viver como eu vivo.

Basta gente, basta a hipocresia, basta à falta de humanidade nas pessoas.

E eu aprendi: "A pior miséria do ser humano é aquele onde ele não consegue provar o que é o verdadeiro do amor ".

Desculpem o desabafo!!!
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