Sendo humana


Oi gente, quero pedir mil desculpas por minha ausência no blog.
Ando sem muito tempo, o trabalho tem me consumido demais e o pequeno tempo que me resta, acabo me distraindo pela internet, sem tempo de me concentrar para escrever.
Outras vezes é chato tbm pq eu sempre sinto vontade de escrever qdo estou triste.
Haja paciência, né?
Essa semana foi um pouco chata para mim.
Esbarrei com algumas situações um tanto chatas de lidar.
Eu trabalho em frente a uma escola municipal. É a escola modelo de inclusão da minha cidade, mas apesar de tudo, não sei realmente como funciona, só observo pela janela qdo as crianças estão na quadra.
Algumas vezes sou surpreendida por crianças empurrando as crianças cadeirantes e alguns professores alheios a isso, mas é de longe, não dá pra dizer se realmente é. Uma coisa é certa: mesmo de longe, existe carinho de quem está empurrando a cadeira. Enfim, seja com uma criança, a criança cadeirante está interagindo com outra.
Essa semana não vi os cadeirantes.
Foi uma semana especial para as crianças, teve gincanas, música, dança, futebol. Tudo muito divertido. Pra eles, claro, pq foi cruel trabalhar com tanta gritaria rsrs.
Mas, eu adoro crianças, chamo-os carinhosamente de 'catarrentos' e passei um bom tempo os observando pela janela.
Mas, como nem tudo são flores, é claro que tbm chorei.
Felizmente estava sozinha, havia chegado cedo e ninguém viu ou percebeu.
Ah, tocou uma música do Restart e ao ver as crianças todas eufóricas, cantando, em coro me emocionou demais.
Como eu disse, eu amo criança feliz, é tudo tão lindo.
Claro q me encho delas, todos nós, mas vê-las assim, felizes, cheias de disposição e alegres, me enche os olhos de lágrimas sempre. Até agora (pausa pra enxergar o monitor).
Nesses poucos minutos na janela, pensei tanta coisa.
Lembrei da Laura pequenina, que cresceu.
Não teve como não pensar no futuro.
Em como vai ser a vida do Artur.
Ah gente, é difícil viu!
Por mais que a gente viva, que a gente ame, não tem como não sofrer por não ter o filho como a gente esperava.
Não tem como não ter MEDO. É isso, o grande problema não é como meu filho é e sim como o mundo é com pessoas como o meu filho.
Por enquanto ele é pequenino, as crianças da idade dele não notam e nem ligam para as diferenças, é tudo tão mágico, inocente, mas e depois?
Eu já passei por isso com meu irmão e foi tãoooo triste. Tão doloroso.
No meio de tantas crianças uma me chamou a atenção.
Ela ouvia a música e dançava descoordenadamente, como movimentos típicos das estereotipias do autismo, mas como saber? Mania de achar um autista só de olhar [coisa de mãe].
Mas fiquei com uma dor no coração de não conseguir ver meu filho lá um dia.
Medo, tristeza, bobagem tbm.
A hora do hino Nacional então, chorei compulsivamente de olhá-los, todos sérios. compromissados com a pátria e triste por achar q Artur não saberá o q é isso [bobagem tbm, eu sei, quem pode prever? Eu q não sou, mas medo todo mundo tem e machuca].
Depois veio a hora do futebol. Ah q lindos!! E, vcs já sabem, né? Me entristeci mais uma vez.
No dia seguinte foi dia de reunião na escolinha do Artur.
Não sei, eu tinha q ir, sou tão ausente da creche, evito tanto ela, que as tias sequer me conheciam.
Olhar o cantinho onde meu filho passa maior parte da minha vida, foi bom. Olhar para a pessoa q cuida do meu filho e o educa qdo não estou perto tbm trouxe boas impressões.
Claro q muitas das coisas ditas não me agradaram, mas não foi nada grave, nada q não desse para fazer de conta q não ouvi.
Mas foi na hora em que ela nos deu as atividades das crianças que o bicho pegou.
Poxa, conviver com o Artur é como se toda criança da idade dele fosse como ele, entendem?
Mas, de repente ver as atividades em branco, um monte delas, ou apenas com um rabisco, foi doloroso.
Saber que a 'tia' não tem tempo suficiente para insistir, investir no interesse dele e que, sequer sabe como fazer, foi muito para mim logo cedo e depois de ter chorado tanto um dia antes.
Doeu sabe, pior foi olhar para as atividades feitas e ver q realmente meu filho não seria capaz de fazer aquilo, que provalvemente alguém segurou a sua mão e q pela quantidade de rabiscos, durou cerca de 3 segundos.
Senti mais uma vez o choro chegar, a garganta 'enozar', queria muito me esfarelar lá mesmo, mas senti vergonha. Realmente não consegui sentir orgulho de meu filho, não consegui ver nada de positivo naquela hora, só sofri.
Olhei para as mães, todas ansiosas em ouvir o q as 'tias' tinham a dizer de seus filhos e fiquei calada. Olhei para algumas delas e me perguntei: Pq eu não?
Eu podia ter ido embora, deixado tudo pra lá, assinar a lista, mas não, eu tenho essa mania besta de me mostrar forte, de enfrentar as coisas, de achar q eu posso tudo e fiquei.
Mas só olhava para as mães, uma a uma e minha mente fazia viagens.
Até que chegou a minha vez de conversar com as 'tias'.
Muitas mães haviam ido embora e depois de nossa conversa eu me senti melhor.
Vi que elas se preocupam com as necessidades dele, que apesar de não ter conhecimento detalhado sobre como cuidar de um autista, elas tentam cuidar dele para q ele se sinta bem e feliz.
Lá, ele come no cadeirão, com cuidado para não comer o q não deve, ele brinca no parque, gosta das plantinhas e do escorregador e é muito feliz lá. Tbm gosta de dormir no carrinho de bbpq sabe que é hora de dormir. Vi meu filho bem cuidado lá, fiquei feliz por isso. Elas tbm contaram que Artur anda malcriadinho, que tem batido em algumas crianças qdo elas o desagradam e apesar de ser uma conduta lá não muito correta, fiquei feliz. Meu filho não é apático e passivo, coisa que toda mãe tem medo, até mesmo as 'normais'. Agora é só estimulá-lo para que não continue assim.
Saí de lá mais refeita e contente.
Mas não posso negar, tudo isso tem me feito mal, não ando fazendo a lição de casa da vida direito, tenho sofrido com coisas sem resolução, olhado para coisas q não fazem bem e desejado algo q no momento não está no meu alcance.
Não tem como ser feliz assim.
Mas, tirando tudo isso, as alergias chatas, as assaduras, a revolta com os latidos dos cachorros, vejo meus filhos felizes e é isso que tem me ajudado a seguir adiante.


E quanta ironia, a música q me fez tanto chorar, tem uma letra bem parecida com a minha história e a do Artur:




Tentando ser forte, um dia de cada vez.


Beijos
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