Começando pelo começo


Quando as coisas aconteceram eu não sabia de nada, o quer era, por onde começar, o que pedir, o que ser, o que pleitear.
Lembro do meu desespero de não saber o que fazer.
Não era desânimo, não era revolta, era apenas ignorância.
Para mim tudo começou com uma rejeição podre de uma escola.
Assim que notaram que meu filho tinha características do espectro autista fomos devidamente enxotados da escola como leprosos.

"Não posso ter problemas em minha escola, traga-o qdo tiver um relatório da pediatra dele, até lá, não poderei deixá-lo frequentar as aulas."

Eu digo com toda certeza hoje que se aquela mulher tem seu rosto inteir ela deve agradecer a mim e a Deus todas as noites.
Pq se hoje ela simula agir como agiu, com o conhecimento que tenho, ela não estaria inteira para contar sua versão.
Peguei meu filho, toda a minha ignorância e pedi ajuda, corro o mundo, corri para todos os lados.
Muita gente ajudou, mas mto eu tive que aprender sozinha.
Ter um filho autista é fazer uma faculdade onde os módulos nunca terminam, não tem diploma, mas a gratificação é eterna.
Vc lê tudo: milagres, receitas, ouve mta idiotice, mtas barbaridades, corre o risco de ser presa, pois dá vontade sim de matar pessoas que rejeitam nossos filhos, é nosso instinto mais animal eu acho, ainda que materno.
Não deixa de ser uma tremenda aventura.
Ter um filho autista é ter uma vida num mundo à parte procurando desesperadamente uma brecha em alguma porta para poder entrar nesse.
Não existia nenhuma lei onde nós pais pudéssemos nos basear, acaba que entrávamos no ramo das Leis, um pedaço de uma aqui, um pedaço de outra ali, regalias que podíamos aproveitar trechos, leis estaduais, municipais e nunca conseguímos ter o mais importante: um começo.
Posso me ver daqui mtos anos falando por aí aquela frase de velhos:

" No meu tempo não tínhamos nada, era tudo na raça, éramos obrigados algumas vezes a dar aulas sobre autismo, sobre legislação, pedagogia etc. a mtos profissionais dessa área, pq ninguém sabia o que era o autismo realmente e nem do q eles precisavam e quando sabiam, diziam não ter estrutura para isso."

Fim!!

Agora isso acabou!
Agora nós temos um começo.
Agora nós existimos.
Agora ninguém mais vai precisar ouvir o que eu ouvi.
Agora nossos filhos não serão mais enxotados das escolas.
Agora quem se meter à besta conosco vai se ver com a NOSSA LEI!
Agora se alguém disser para vc o que disseram para mim, perde o emprego.
Agora eu sou mais feliz, pq não desejo a ninguém passar o q passei.
Já se foram 3 anos e meio e a dor é a mesma, os olhos se enchem de lágrimas, aquela solidão de ter um 'problema' atrapalhando a vida dos outros e não saber sequer do q se trata vai acabar.
Não, não está tudo resolvido.
Não temos médicos preparados, não temos tratamentos, não temos estruturas, não temos QSE NADA.
Temos apenas nossa garra que chegou onde devia chegar e tudo isso me faz apenas pensar que começamos a tingir um pedaço do nosso Brasil de Azul e eu estou radiante de felicidade por isso. 
As cenas dos próximos capítulos?
Sinceramente eu não sei, mas uma coisa é certa: qdo nos deparamos com o autismo, aprendemos a viver um dia de cada vez.
E assim continuaremos fazendo.
Feliz ano novo!! Feliz Lei nova!!
Nosso xodó chegou com o Parágrafo 2 do Artigo 7º vetado como todo mundo desejava, q emoção!!!
Agora além de ter que nos engolir, todos terão que aprender, estudar e conviver com os autistas!!!! 
Ah, pra quem quer saber o motivo de minha felicidade, está aí!!
Uma Lei para se gravar no coração!!!
Lei 12.764/12 Nossa conquista!!
 



LEI N 12.764, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2012
Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista; e altera o § 3 do art. 98 da Lei n 8.112, de 11 de dezembro de 1990. A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1 Esta Lei institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista e estabelece diretrizes para sua consecução.
§ 1 Para os efeitos desta Lei, é considerada pessoa com transtorno do espectro autista aquela portadora de síndrome clínica caracterizada na forma dos seguintes incisos I ou II:
I - deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicação e da interação sociais, manifestada por deficiência marcada de comunicação verbal e não verbal usada para interação social; ausência de reciprocidade social; falência em desenvolver e manter relações apropriadas ao seu nível de desenvolvimento;
II - padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades, manifestados por comportamentos motores ou verbais estereotipados ou por comportamentos sensoriais incomuns; excessiva aderência a rotinas e padrões de comportamento ritualizados; interesses restritos e fixos.
§ 2 A pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais.
Art. 2 São diretrizes da Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista:
I - a intersetorialidade no desenvolvimento das ações e das políticas e no atendimento à pessoa com transtorno do espectro autista;
II - a participação da comunidade na formulação de políticas públicas voltadas para as pessoas com transtorno do espectro autista e o controle social da sua implantação, acompanhamento e avaliação;
III - a atenção integral às necessidades de saúde da pessoa com transtorno do espectro autista, objetivando o diagnóstico precoce, o atendimento multiprofissional e o acesso a medicamentos e nutrientes;
IV - (VETADO);
V - o estímulo à inserção da pessoa com transtorno do espectro autista no mercado de trabalho, observadas as peculiaridades da deficiência e as disposições da Lei n 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente);
VI - a responsabilidade do poder público quanto à informação pública relativa ao transtorno e suas implicações;
VII - o incentivo à formação e à capacitação de profissionais especializados no atendimento à pessoa com transtorno do espectro autista, bem como a pais e responsáveis;
VIII - o estímulo à pesquisa científica, com prioridade para estudos epidemiológicos tendentes a dimensionar a magnitude e as características do problema relativo ao transtorno do espectro autista no País.
Parágrafo único. Para cumprimento das diretrizes de que trata este artigo, o poder público poderá firmar contrato de direito público ou convênio com pessoas jurídicas de direito privado.
Art. 3 São direitos da pessoa com transtorno do espectro autista:
I - a vida digna, a integridade física e moral, o livre desenvolvimento da personalidade, a segurança e o lazer;
II - a proteção contra qualquer forma de abuso e exploração;
III - o acesso a ações e serviços de saúde, com vistas à atenção integral às suas necessidades de saúde, incluindo:
a) o diagnóstico precoce, ainda que não definitivo;
b) o atendimento multiprofissional;
c) a nutrição adequada e a terapia nutricional;
d) os medicamentos;
e) informações que auxiliem no diagnóstico e no tratamento;
IV - o acesso:
a) à educação e ao ensino profissionalizante;
b) à moradia, inclusive à residência protegida;
c) ao mercado de trabalho;
d) à previdência social e à assistência social.
Parágrafo único. Em casos de comprovada necessidade, a pessoa com transtorno do espectro autista incluída nas classes comuns de ensino regular, nos termos do inciso IV do art. 2 , terá direito a acompanhante especializado.
Art. 4 A pessoa com transtorno do espectro autista não será submetida a tratamento desumano ou degradante, não será privada de sua liberdade ou do convívio familiar nem sofrerá discriminação por motivo da deficiência.
Parágrafo único. Nos casos de necessidade de internação médica em unidades especializadas, observar-se-á o que dispõe o art. 4 da Lei n 10.216, de 6 de abril de 2001.
Art. 5 A pessoa com transtorno do espectro autista não será impedida de participar de planos privados de assistência à saúde em razão de sua condição de pessoa com deficiência, conforme dispõe o art. 14 da Lei n 9.656, de 3 de junho de 1998.
Art. 6 (VETADO).
Art. 7 O gestor escolar, ou autoridade competente, que recusar a matrícula de aluno com transtorno do espectro autista, ou qualquer outro tipo de deficiência, será punido com multa de 3 (três) a 20 (vinte) salários-mínimos.
§ 1 Em caso de reincidência, apurada por processo administrativo, assegurado o contraditório e a ampla defesa, haverá a perda do cargo.
§ 2 (VETADO).
Art. 8 Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 27 de dezembro de 2012; 191 da Independência e 124 da República.
DILMA ROUSSEFF
José Henrique Paim Fernandes Miriam Belchior

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Vale a pena????? Sim, vale mto!!!


Quando minha filha nasceu, eu não tinha internet, nem sonhava o que seria isso.
Eu não tinha nada para me basear além da vida que eu tive.
Crescer sozinha e levar para frente o que eu acreditava ser bom e dispensar o que não me interessava.
E foi assim que qdo minha filha nem tinha um ano, eu comprei nossa primeira árvore de natal.
Eu queria mostrar para ela como comemoramos essa época.
Sempre tive árvore de natal, ceia, ouvia histórias e mais histórias e já esperei o papai Noel tbm.
Queria isso para a minha filha.
O natal para mim sempre teve o sentindo família.
Por mais q algumas vezes não tenha sido bom, era a minha família no natal.
De repente, eu havia crescido e era hora de fazer o MEU NATAL.
Ao logo dos anos, enquanto ela foi crescendo, meus objetivos tbm.
Então, o segundo passo foi comprar um presépio, contar para ela quem é o grande rei da nossa comemoração.
Fizemos toda a encenação de guardar o menino Jesus até o natal e claro, a rainha da casa, Ana Laura, colocava o pequenino na manjedoura.
Pq dentro de mim, eu queria q isso fosse importante para minha filha.
Depois, veio o dia de montar a árvore, dia de São Nicolau e depois tantas outras coisas, tudo sempre em família.
Hoje, temos o Artur e a Ana Laura já vai completar 15 anos ano que vem.
E gente, é inacreditável ver a herança que deixei para minha filha.
Mesmo com toda essa idade, ela ama montar a árvore, ama as luzes, me perguntou onde estava nosso presépio e tenho certeza de que sentiu falta de 'esconder' o menino Jesus até o dia de Natal.
Ver tudo isso hoje me trouxe uma sensação deliciosa, a sensação de plantar sementes e depois de muitos anos ver germinar.
Felizmente, nunca nos faltou nada nessa época, sempre foram festas boas, fartas, com presentes, com MUITO AMOR, PAZ E HARMONIA.
E eu fico mto, mto feliz por ter conseguido proporcionar isso para meus filhos.
Comemorar o natal aqui em casa, é ganhar presente sim. Mas os presentes vem, pq temos um clima de alegria, um clima de hamonia que torna isso possível.
Quando eu vi minha filha feliz, como aquela pequenina que mal sabia falar me perguntando mtas coisas e me ajudando a colocar bolas na árvore, eu tive uma amostra do quanto vale a pena investir em nossos filhos.
O quanto gestos simples e pequeninos podem construir grandes seres humanos.
E vi minha filha fazendo exatamente igual, qdo tiver seus filhos daqui uns anos. Isso não tem preço. Pq quando temos filhos pequenos, a gente não pensa neles adultos, mas eles crescem e nossas perpectivas tbm.
Sim, seria mto mais simples empurrar toda a responsabilidade para o papai Noel, ir numa loja comprar o presente e colocar no pé da árvore. Todo mundo faz isso, né?
Mas não, com a gente não é assim, nós queríamos uma família.
Nós queríamos que nossos filhos tivessem boas lembranças do natal e que principalmente, compreendessem que para se comemorar essa festa, devemos ter uma boa bagagem do ano que passou.
Natal para a gente, é época de amar, de ser feliz, de planejar e de dizer apenas que por mais q nada seja como queremos, nada seja fácil como todo mundo gostaria que fosse, nós podemos ser feliz e amar.

Então, por hora, vou desejando um feliz natal a todos.
E contando para vcs o quanto valeu a pena cultivar as minhas sementinhas.

Beijos e
Obrigada!!!


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Um Guerreiro Mirim


É mto estranho vc olhar todos os dias para seu filho e não ver as diferenças que ele tem perante outras crianças, mas elas existem.
Nós vemos Artur todos os dias, acompanhamos cada passo q ele dá, comemoramos cada conquista dele e no fim, nosso filho é NORMAL, para nós, mas infelizmente, não para o mundo.
Ao meu ver, dia 10 de dezembro é uma data mto adiantada para se fazer uma retrospectiva de como foi nosso ano.
Mas acontece q estamos findando nosso ano escolar tbm, quero aproveitar a minha memória mais clara, mais recente, pq ao logo desses anos eu tive q aprender a apagar as coisas para não ficar remoendo tudo dentro de mim.

Em relação ao ano escolar, não foi um ano ruim.
Sei que vc que me acompanha há algum tempo está com vontade de me matar ao ler isso e me dizer:
"Ano bom?? Como?? Vc foi ver seu filho dançar na festa junina e ele estava todo largado, com a fralda vazada, seu filho emagreceu mto e vc conseguiu provar para os médicos que o problema estava na maneira inadequada q ele era alimentado na escola e vc me diz que o ano escolar não foi ruim?"
Existe uma Roberta dentro de mim que vive algemada e na maioria das vezes amordaçada.
Essa Roberta infelizmente teve que ser contida, ela é impulsiva demais e muitas vezes perdi mtas coisas por conta de sua fúria desenfreada.
Hoje, no que depender de mim, essa Roberta não mais voltará, só qdo essa Roberta q hj toma conta de tudo for mole demais para a ocasião.
E digo, essa Roberta me disse a mesma coisa quando eu pensei que tivemos um ano que não foi ruim.
Eu estabeleci metas para mim das quais eu consegui cumprir.

Consegui fazer meu filho ser aceito na escola, consegui fazer valer os direitos dele, a professora que conheceu o Artur hj não é mais a mesma, ela mudou.
E eu não olho mais se o copo é meio vazio, pra mim é sempre meio cheio.
A professora cresceu, a estagiária cresceu, meu filho se adaptou o quanto pode, eu e o papai tbm, não posso ser injusta e apenas apontar as falhas, até pq, ano que vem tem mais.
É mto triste a inclusão não ser verdadeiramente reconhecida e aceita por mtas pessoas.
Não bastasse esbarrar nas dificuldades de nossos filhos, esbarramos nas vaidades, nas dificuldades  culturais e arcaicas dos seres humanos.
O ano começa, vc corre atrás de uma estagiária, vc corre atrás da professora, explica tudo, mostra tudo, se preocupa e quando parece que as coisas vão se acalmar, o ano letivo termina.
É como aquela história da mitologia Grega onde Sisifo engana a morte por duas vezes e é condenado a  rolar uma pedra de mármore até o cume de uma montanha e quando estava quase conseguindo, a pedra inexplicavelmente rola montanha abaixo obrigando-o a começar tudo novamente.
Mas eu não vejo mais as coisas dessa forma.
Houve um tempo em que eu achei q não poderia chegar ao topo, hoje o topo é não  o fim de uma trajetória apenas, o topo é um lugar onde eu me sento para conferir nossas conquistas e projetar outros rumos, buscar outras 'pedras' para levar montanha acima.

Por isso, me recuso a dizer q foi um ano ruim.
Ele não foi o ano que eu queria que fosse, mas obtivemos mtas conquistas e mto crescimento.
Semana passada cheguei em casa do trabalho e me deparei com a pasta de atividades do ano inteiro do Artur.
Foi mto difícil não encher os olhos de lágrimas.
Eram rabiscos e mais rabiscos, todos sem sentido, tudo fora da linha, tudo mto nada para qualquer pessoa, ou não.
Eu acho que me tornei uma pessoa mto romântica depois de tudo o q houve comigo, conosco.
Eu vejo beleza em tudo, choro com as feias, mas tento compreender que por mais que as feias existam, a gente tem que buscar o nosso melhor.
E eu nunca mais deixarei de buscar. Buscar ser melhor, buscar crescer, buscar investir, buscar metas para não querer desistir de viver.

A minha grande motivação nisso tudo é meu filho.
Não é pq ele tem dificuldades intelectuais, não mesmo.
Quando conheci meu filho autista ele era uma criança que praticamente não existia.
Já chorei que ele não poderia andar e ele, contrariando qualquer projeção absurda, entrou pela sala do consultório médico correndo.
Eu tinha um filho que esqueceu como sorrir.
Olhava para Artur e não via vontade de viver, literalmente.
Todo mundo diz que eu sou uma ótima mãe, que eu luto por meu filho de forma admirável, mas amigos, não dá pra fazer nada disso sem a VONTADE DE VIVER DO PRÓPRIO ARTUR.
Todos os dias pela manhã, eu levanto cedo, ele tbm.
Trabalho o dia todo pensando em tantas coisa e nele tbm.
Ele fica com pessoas que ele curte, mas não são as q ele ama. Pessoas de todos os tipos, crenças e culturas.
Pessoas q amam as diferenças, pessoas boas e pessoas ruins. Pq a vida é assim pra todo mundo.
Toda vez q a minha vida dá algo de errado, eu venho aqui no blog e com o dom que Deus me deu, eu vomito tudo o q sinto, vcs leem, me consolam e eu caminho, sigo em frente.

E Artur?
Bem, Artur é um menino formidável. 
Que soube transformar toda a sua genialidade autística em doçura.
Artur não tem um blog para se expressar, não sabe mandar aquela pessoa miserável ir se foder.
Mas Artur caminha, nunca deixa de lutar.
Acho que mtas pessoas enganam-se qdo me veem como uma pessoa forte.
A grande pessoa dessa história é o Artur.
Não fosse a sua garra, não fosse um menino batalhador q lutou contra tudo e todas as faltas de perspectivas que o autismo nos sugere, eu seria aquela Roberta que tive q amordaçar. Que gritava e esperneava por nada.
Não fosse eu olhar para meu filho todos os dias e absorver a energia deliciosa que ele tem e me espelhar na força que ele tem, eu não poderia ser nada.
Ano passado eu fui numa reunião de pais do Artur.
Ele não sabia para que servia um lápis, mas aprendeu a segurar um pincel.
A professora me contava chorando e eu chorei junto.
Esse ano, a professora conseguiu fazê-lo compreender que um lápis e uma caneta são capazes de transformar o mundo dele e ele aprendeu.
Não choro mais por ver todas as atividades do meu filho em branco. Hj eu vejo rabiscos, amanhã, pertence a Deus e à garra de meu filho.
Artur mesmo com esse jeitinho controlador e manipulador deliciosamente carinhoso que tem me ensinou que ter o controle de tudo nem sempre é bom como eu queria q fosse.
Artur mostrou-me o acaso. Mostrou-me a frase: "não sei o q fazer".
E Artur fez eu dizer os melhores "foda-se" da minha vida.

Então gente, o mérito não é meu.
Eu nada seria sem a força e determinação desse 1,03m de pedacinho de gente.
Tivemos uma ano lindo, de mtas conquistas.
Pude ver meu filho cantar, pude ver meu filho compreender melodias, pude ver meu filho tentar escrever, vejo meu filho sentando num penico, posso ver um futuro melhor para meu filho.
Só me resta agradecer a vcs pela companhia, só me resta agradecer a Deus pela força e por ter me mandando esse PARCEIRAÇO que é o Artur.
E que seja assim para sempre: conquistas em cima de conquitas!!!!


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Com a palavra, o pai!!!


Sei que sumi gente, mas estou enrolada até o pescoço.
Tanta coisa, tantas preocupações, acaba que me perdi toda com a minha inspiração.
Ah pouco mais de um mês eu decidi falar sobre a parte do pai na questão do autismo.
Acho legal falar sobre os pais 'que ficam' e enfrentam a vida complicada de uma viagem especial.
Como uma amiga de outro blog já disse: Falar do pai bunda mole e coração duro que não aguentou e foi embora é fácil, é óbvio demais.
Hoje eu quero falar do pai do meu filho, de como ele enfrentou tudo e não foi fácil.
Para isso, terei q voltar um pouco à questão de quando não tínhamos nosso filho ainda.
Era início de 2007 e como já comentei aqui, não estava bem.
Uma crise depressiva acompanhada de uma Síndrome do Pânico me acometeu e eu fiquei mto mal.
Assim, meu marido acabou assumindo mtas das minhas responsabilidades, eu só vegetava na cama ou na frente do computador.
Nesse ano tbm, o seu pai que tinha diabetes teve uma piora em sua saúde.
Resumindo a situação, ao entrar em casa, meu marido se deparava com a seguinte cena: eu jogada no sofá, inerte, deprimida, sem vontade de nada e no outro sofá, seu pai, doente, com seus últimos dias de vida.
Hoje eu sinto mto por não ter conseguido ser forte o quanto ele precisava nesse momento, mas tbm sei q eu tentei dar o meu melhor, fiz o qto pude. Não fiquei totalmente alheia ao que acontecia.
No começo deste ano tbm, meio que misteriosamente, desenvolvi o desejo de ser mãe novamente e falei com meu marido.
A princípio ele disse não, eu chorei, pedi, argumentei e para ver se eu melhorava de tanta tristeza, ele aceitou, mas ele não queria outro filho.
Após o falecimento de seu pai e a perda de mais uma pessoa querida da família, eu engravidei.
Não, não estávamos bem, eram dias ruins, dias bons, dias melhores, dias piores.
Engravidei durante minhas férias, numa tentativa de recomeçarmos nossa vida .
Como contei aqui recentemente, foi uma felicidade sem tamanho, mas ele não queria ter outro filho.
Foi mesmo uma gravidez estranha. Mas ele sempre, sempre me deu força.
Eu gosto de uma coisa em meu marido, além de todas as outras coisas, claro rsrs
Ele é uma pessoa que termina o q começa. Então, qdo nosso filho nasceu, ele por mais q não desejasse passar por tudo novamente, assumiu seu papel de pai dignamente.
Tudo corria bem com o desenvolvimento de nosso filho, até que meu marido começou a sentir diferenças.
Mas, por eu não estar bem de saúde novamente, ele não se sentia à vontade para falar comigo, ele tbm não fazia ideia do q poderia ser e apenas um dia me disse q nosso filho poderia ser surdo, coisa q eu desaprovei com indignação, ou seja, fechei uma porta na cara dele para tocar no assunto.
Então, mais tarde, eu desconfiei de tudo, que nosso filho não estava bem e qdo falei, ele me disse q se sentiu aliviado para tocar no assunto.
Foi tudo tão louco, foi tudo tão devastador, acabava de passar um furacão em nossas vidas, estávamos nos reerguendo e de repente desabou tudo novamente.
Perguntei antes de postar aqui o que meu marido sentiu quando soube do autismo as minhas seguintes dúvidas:

- O que vc sentiu qdo falei q nosso filho poderia ser autista?
- Eu senti medo e alívio ao mesmo tempo.

- Como foi aceitar tudo isso?
- Foi doloroso, me senti culpado, pensei mtas bobagens, uma delas foi de ser castigado, afinal, eu não queria ter outro filho de modo algum, foi difícil aceitá-lo. Chorei pq eu não quis um 'normal' e agora tinha um com dificuldades.

- Teve vontade de desistir e ir embora?
- Nunca!

Cada pessoa tem uma forma de analisar a mesma questão.
Enquanto eu pensava que toda a minha rejeição ao bebê durante a gravidez pudesse ser algum tipo de premonição, de pressentimento, meu marido achava que tudo poderia ser um 'castigo'  por não querer outro filho.

Mas, eu Roberta e acredito que meu marido vá concordar comigo, é que, independentemente dos desejos, dos medos e dos anseios, o amor predomina tudo, interfere e resgata tudo.

Não, meu marido não sente mais culpa por ter um filho especial, compreendemos juntos q isso é alheio a nossa vontade, que isso é apenas uma forma que a vida, Deus encontrou para nos unir, para fazermos o melhor para nosso crescimento e nossos filhos
Não, eu não me sinto culpada, eu não tenho culpa e hoje eu sempre me pergunto pq as pessoas precisam tanto de um culpado ou de um castigo.

Não precisamos viver presos a estes costumes.
Não não fomos castigados, não nós que sempre nos amamos e lutamos para fazer o bem um ao outro.
Não, não temos culpa, até pq ter um filho com necessidades especiais não é resultado de um mau comportamento nosso não é castigo, falta de sorte.
Ter um marido ao nosso lado, que nos apóia e que acredita em nós, na vida e em melhoras é fundamental.
Acaba que um apóia o outro em sua dor. 
Sinceramente não sei o que eu faria se meu marido não acreditasse na possibilidade do autismo, achasse q era loucura minha já que eu estava numa fase 'louca'.
Mas não, ele me apoiou, ele soube reconhecer a diferença entre o comportamento de nosso filho e de outras crianças e eu nunca me senti sozinha nessa vida depois disso.

Hoje, sentimos um cheirinho de estabilidade em nossas vidas e sempre que podemos, tentamos ajudar quem não consegue ter.

Não, não é fácil para meu marido ceder de tudo para cuidar de seu filho com a dedicação que ele faz.
Mas ele faz, pq ele é ótimo em terminar as coisas que começa como eu já disse.
Ele me inspira e me fortalece mto, talvez sem ele, eu não teria a calma que tenho para mtas coisas. 
Estamos felizes hoje, as coisas não são com sonhamos um dia, as coisas não serão como planejamos, mas a nossa união, o nosso amor por nossos filhos nos permite sonhar, trilhar novos rumos, fazer novos planos, ensinar nossos filhos que não importa o caminho, a dificuldade, o amor tem e sempre vai triunfar.
Bem, o que eu queria mesmo era mostrar o lado do pai nessa histórias toda.
Quando comecei a pensar no assunto, vi que ele não é tão diferente de mim, que ele participa de muitas cosias que eu sinto e q temos basicamente as mesmas frustrações e que temos um mesmo ideal: Que nossa família seja mto feliz.
E espero que eu tenha conseguido mostrar um pai participativo, um pai que se transformou, um pai que sentiu e sente medo, um pai que sonha, um pai que se moldou por seu filho.
 Pq esse é o papai que o Artur e a Ana Laura tem ♥

Beijos
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Pq viver a vida?


Não consegui definir um título para essa postagem ainda, mas vou escrever.
Eu tenho que escrever.
Eu adoro viajar.
Não faço malas, minha bagagem fica na minha mente, em meu coração, marcado em minha alma.
Essa é a viagem mais cara, mais dura e mais importante para nós.
É a viagem que vamos para dentro de nós.
Hoje eu viajei mais uma vez e fui um pouco mais longe, fui para a vida de outras pessoas tbm.
Fiquei aqui viajando nos meus, nos nossos momentos difíceis da vida e pq por mais q tudo que nos leve para ele, por mais que a dor nos consuma por inteiro, a gente não desiste.
Vc pode perder um filho, vc pode perder um pai, vc pode perder sua dignidade, pode sentir q perdeu tudo e de repente sua vida dá uma reviravolta, vc decide apenas viver pq não tem escolha muitas vezes e descobre q é possível.
No momento da dor, nos jogamos ao chão, prostrados à nossa dor não fazemos nada, apenas choramos, lamentamos, reclamamos, brigamos com Deus, com Darwin, com a vida. 
Mais uma vez entramos na minha frase favorita: "Existem duas formas de se enfrentar uma situação: COM dor ou SEM dor, mas nenhuma das escolhas vai nos impedir de viver o q precisamos viver."
Independentemente de nossa crença, de nossas escolhas, todos nós convivemos com a dor um dia, cedo ou tarde.
Mas o que eu acho admirável é a capacidade que o ser humano tem de se refazer de sua dor e de como a vida se comporta com suas reviravoltas.
Penso na Lili, que perdeu Samuel e hoje tem o lindo Emanuel para iluminar seus dias e lhe dar esperanças.
Penso na Linda Franco que tinha Gabriel saudável e foi surpreendida pela Sindrome da Adrenoleucodistrofia ( doença do filme óleo de Lorenzo), mas que mesmo com a grande demanda de cuidados, não deixa de ter esperanças e de lutar e tbm pensei na Joana que teve a Vitória que nasceu com tantas dificuldades e nos deixou, cheios de saudades de lembranças.
Quando eu olho para as três historias de vida dessas mulheres sinto vergonha.
Vergonha de chorar, vergonha de desanimar, mas aprendi transformar esse sentimento em coisas positivas.
Cada um tem a lição que necessita para crescer e aprender seus limites. Na verdade, eu acredito que o sofrimento só vem para nos mostrar q nossa força não tem limites.
Cada mãe é uma guerreira de uma forma diferente. Todas tem a missão de educar, cuidar, proteger e amar uma ou mais vidinhas.
Tem a missão de transformar pessoinhas em homens, cidadãos de bem e se fosse fácil e se não requeresse tantos cuidados, não estaríamos com o mundo repleto de fracassos.
Quando eu penso em mães como a Lili, a Linda e a Joana eu penso em mim.
No tipo de mãe que eu quero ser, no tipo de vida que eu quero levar.
Quando eu penso nelas, eu sinto FÉ.
Sim, a fé é quem determina tudo.
Olhar para a vida delas me traz esperança de dias melhores, de Vitórias depois de um momento de dor. 
Pensar em Lili, Linda e Joana me faz acreditar na minha capacidade de superação.
E eu vou me superando, todo dia.
Todo dia eu as leio, eu as acompanho, às vezes me perco, às vezes esqueço, mas sempre estou com elas no meu coração.
E o que hj não me deixa desistir é ver a capacidade delas em vencer tudo, em superar, em lutar para isso todos os dias.
Com elas eu chorei, com elas eu sorri, com elas eu senti revolta, experimentei diversas emoções, mas a melhor de todas foi presenciar o amor e a luta pelos seus filhos.
Elas são leoas e quando eu crescer de verdade, quero estar lá, ao lado delas com os sentimentos maiores que existem: o do amor e da superação.

Lili: Parabéns pelo Emanuel!! Deus foi maravilhoso com vc!! Vc merece!!
Linda: Parabéns por ser a mulher que é, pelos filhos q tem, por acreditar na vida sempre.
Joana: Parabéns pela resiliência, por ter dividido sua Vitória com a gente, por me fazer desenvolver diariamente o dom da superação, o dom da fé,o dom da resignação, o dom de tentar todos os dias aceitar a vontade dela, q eu chamo de Deus, vc tbm, mas num sentido mais amplo, vou chamar de vida.

Obrigada a toda e qualquer mãe que luta para educar seu filho, que lhe dá amor, que lhe dá tudo o q ele precisa, que o respeita e que o compreende e oaceita como ele é!!!
Obrigada ao meu Deus, pelo Artur e a Ana Laura estarem em minha vida.
Obrigada mesmo!!


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O suporte nutricional: uma novela


E essa semana foi mais uma consulta na UNIFESP.
Em 2 meses completaremos 2 anos.de acompanhamento e tratamento.
E somente nessa última consulta de segunda-feira é que fiquei sabendo que Artur ainda não é diagnosticado como portador de alergia à proteína do leite de vaca.
Os exames até deram a alergia ao leite e outras coisas que eles ainda não sabem, mas atualmente, o tratamento é para que ele ganhe peso e eles possam avaliar que tipo de alergia é. Eles me disseram que para a idade dele não é comum ter alergia ao leite.
A parte legal é que Artur ganhou peso desde a última vez que foi.
Mesmo com a dificuldade que temos para que ele coma.
Tudo isso, vale ressaltar, deve-se ao esforço do Ro, um pai maravilhoso e dedicado que cuidou dele em casa direitinho esses últimos 3 meses.
Obrigada papai lindo!!!
Nada nessa luta é fácil sabe?
Dia ou outro aquela dorzinha das coisas não serem comuns ao que é para todos nos cutuca, a dificuldade da fala, o meu medo do amanhã, do meu filhote sem mim, próximos anos na escola, tudo nos assusta.
Mas tudo isso é substituído por cada progresso do meu pequeno.
Suas conquistas tem sido grandes, sua luta tbm.
Meu filhote é mais preguiçoso, acomodado, não quer mto aprender o q não lhe interessa, mas vamos que vamos.
A grande notícia é que consegui uma avaliação com uma fonoaudióloga lá na UNIFESP.
Realmente não sei se é bom, se dará certo, se terei grana para bancar viagens constantes, mas eu me viro sempre, pq eu tenho meu DEUS que não me abandona, até qdo deixa eu levar uns tombinhos.
Lá na UNIFESP eu faço acompanhamento com psicóloga no mesmo dia que Art faz a consulta, na verdade, ainda não descobri quem faz o tratamento, eu ou Art, mas é legal. rsrsrsrs
Mostrei para a psicóloga os vídeos do Artur cantando, vendo o vídeo do Hino do Aviador e rindo mto das vídeos cassetadas, isso me rendeu a avaliação com a fono.
Fiquei mto feliz.
Se um dia meu filho tiver alta daquele lugar, terei mta saudades.
É um lugar privilegiado.
Lá não é frequentado apenas por crianças e médicos.
São crianças MEGA lutadoras, sofridas, que vivem em UTIs, que não podem brincar num quintal, mas ainda assim qdo nos olham tem um sorriso para nos dar, nem que seja com o olhar. E os médicos?? Ah, são anjos, dotados de sensibilidade e um caráter profissional espetacular.
Agradeço mto a Deus e à minha madrasta por ter conseguido aquele lugar para cuidar do meu filho.
Lá, eles salvaram sua vida e me abriram os olhos para diversas coisas.
Sinto vontade de chorar qdo falo disso, pq ver seu filho definhando a cada dia, caminhando para a desnutrição  e ser acolhida como fui, não tem preço.
Minha gratidão será eterna e quando eu estiver velha, numa cadeira de balanço (ainda existe?) falando com meus netos, estarei falando sobre isso tbm.
Bem, acho que é isso.
No mais fiquei mto feliz pq dessa vez a nutricionista não pegou no meu pé, afinal, estão compreendendo q além da dificuldade com o peso, Art tem dificuldade para aceitar alimentos, quer dizer, ele só come o que quer e nós, os pais temos que nos virar tentando fazer ele comer coisas saudáveis.
Como não houve alterações, sinal de que estamos de parabéns =D.
Agora só voltaremos ano que vem ao suporte, justamente qdo completará 2 anos.
Mas dia 29 de novembro é a avaliação e seja o q nosso querido Deus quiser.


Beijos a todos

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Como será o outro lado da história?


Eu gosto de ler blogs!!
Sigo muitos e às vezes reclamo que minhas amigas blogueiras não atualizam seus blogs com frequência e fico com abstinência de leitura rsrs.
E hoje eu li o blog da Carolina Câmara uma moça muito legal que tem Paralisia Cerebral e é psicóloga (me enche de orgulho escrever isso).
Engraçado é que a postagem dela era referente ao blog de uma mãe que tem um filho especial.
Essa postagem foi de muita importância para mim. Me fez refletir muitas coisas e são coisas que não costumamos pensar.
Nós que temos filhos com deficiências sempre estamos preocupados com O QUE PENSAR, com O QUE A SOCIEDADE PENSA a respeito de nossos filhos, mas raramente lembramos de olhar para nossos filhos e nos perguntar:

O que se passa nessa cabeça?
O que meu filho pensa?
O que ele entende do que vê?
Que tipo de conclusões ele tira de tudo o que vive?

Acabei de ler o blog da Carolina e me peguei viajando.
Lembrei da história da Carly's Fleischmann , uma adolescente autista que não fala mas se comunica muito bem através do computador e respondeu muitas das dúvidas que nós que convivemos com os autistas e tantos outros portadores de deficiências temos.
Carly foi diagnosticada na infância com autismo severo e retardo mental grave, apresentou comprometimento motor com atraso de funções básicas como sentar e andar e aos 11 anos, sem nunca ter sido ensinada a ler ou escrever, muito menos a usar o computador Carly se aproximou dele e digitou as palavras DOR e AJUDA, em seguida correu para o banheiro e vomitou. Aquilo foi incrível, afinal até então ela era tida como deficiente mental, incapaz, desconectada do mundo, e de repente ela mostra que está plenamente ligada em tudo que se passa, que domina a linguagem, que sente da mesma forma que nós e sabe se expressar.
Depois de ler Carolina, depois de saber de Carly tem como não pensar no que meu filho pensa??
O que será que ele vê do mundo?
E quando ele sente dor?
E quando se decepciona comigo?
E quando ele sente medo?
E quando ele crescer, como vai reagir às possíveis rejeições?
Acabo concluindo que eu deva pensar mais nesse assunto.
Ao longo de minha vida eu compreendi que devemos pensar nas pessoas conforme o entendimento delas, conforme o caráter delas e não o nosso.
Isso é um prato cheio para se evitar muitas decepções, as pessoas são o que são e não o que desejamos que sejam, mas mesmo pensando assim, nunca parei para tentar pensar no que meu filho pensa, com sua cabecinha.
Decidi que quero pensar mais no meu filho, no que ele sente, compreendê-lo, conseguir me comunicar mais com ele, fazer parte do mundo dele e não mais somente trazê-lo para o meu como pensava antes.
Gostei muito, muito mesmo de ler que Carolina sonhava com uma vida normal, que desejava uma fada madrinha transformando sua vida.
Pois isso é comum da infância, todos nós sonhamos com a varinha de condão realizando nossos desejos.
Esse relato é uma mostra de que Carolinas. Carly's, Arturs e tantos outros tem desejos 'normais' e a maravilhosa capacidade de sonhar.
Quero ensinar meu filho a sonhar, quero ensinar conto de fadas para meu filho.
Quero que ele deseje, ainda que eu não possa ouvir ou compreender com o que.
Quero que ele se sinta acolhido por mim, que aprenda a conversar comigo de outras formas, mesmo não sendo através de palavras.
Quero que ao olhar nos seus olhos eu possa ver muito mais do que eu vejo.
Quero falar para ele com os meus o quanto é amado e compreendido e o quanto eu acredito em sua capacidade.
Não capacidade apenas de melhorar, de crescer, de aprender, somente mas a capacidade de se amar como é, se respeitar e se fazer respeitar.
Quero falar para meu filho com meus olhos o quanto ele é importante no mundo, em nossas vidas e o quanto precisamos dele.
Quero mostrar para ele que podemos ser felizes de qualquer jeito e que todos nós temos dificuldades e que ele apenas precisa administrar as dele.
Quero viver a nossa realidade e ensiná-lo a enfrentar a sua realidade de vida baseada no amor.
Gostaria muito de um dia ler algo que ele escreveu, que ele tenha puxado esse meu dor de transformar alegrias e tristezas em palavras que encantam, emocionam e que tocam as pessoas, mas se não puder, quero apenas que ele nunca deixe de pensar e sonhar, ainda que eu não faça ideia do que seja.....
Se viver a alegria de ver meu filho escolher um carrinho numa loja de brinquedo já foi a realização de um grande sonho, significa que eu entendi que estou no caminho certo quando digo: Mudar meus sonhos sim, deixar de sonhar, NUNCA!!!!

E concluindo com a frase de Carolina, termino minha postagem:

  "Já que não tem fada madrinha (uma pena!), eu tive que aprender a lidar com a minha deficiência. Saber que a deficiência não anda paralela com o sorriso, com a alegria, com o amor, enfim a deficiência se cruza sim com a felicidade!

Acho que a fada madrinha, sempre esteve ao meu lado e com outros poderes, ela está fantasiada de pai e mãe."

Desejando e muito que eu possa ser a fada madrinha do meu filho na vida dele também.

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Como tudo começou


Era janeiro de 2007 e eu me tratava de uma crise depressiva.
O ano anterior no trabalho não foi fácil , aliás, digo que ele foi horrível, na verdade.
Sofri demais, não compreendia nada do que compreendo hj e sofri.
Não tinha vontade de fazer nada, só ficava no sofá ou na internet chorando e amargando a vida horrível que eu tinha.
Eu era imatura também.
Mas em em janeiro tudo pareceu diferente. Minha filha tinha 9 anos e eu quis ter outro filho.
A verdade é que nesses 9 anos da minha filha, pelo menos 6 eu me perguntei se deveria ter outro filho.
Então, olhei para meu marido e disse: Nossa filha está crescendo rápido, é hora de termos outro filho, vamos ficar sozinhos.
A princípio ele não quis, depois simplesmente aceitou por ver o otimismo de volta aos meus olhos, já q eu era só tristeza e dor.
Nosso trabalho era complicado, as crises depressivas não cessaram assim, tivemos grandes perdas familiares nesse ano e eu só consegui engravidar em Julho de 2007.
E foi "sem querer".
Fui numa consulta com a psiquiatra e ela me disse: vc é portadora do Transtorno Bipolar de Humor, precisa tomar lítio, mas não pode tomar estando grávida, como sei q está tentando engravidar, vc deverá fazer um teste de gravidez.
Eu simplesmente disse que não era possível, já que minha menstruação não estava atrasada, ela foi enfática ao dizer: sem exame, sem tratamento.
Então, no dia 8 de agosto de 2007 fiz um exame de sangue.
Minha vida estava uma droga, meu casamento uma droga, a Laura pequenina em meio a tudo isso e sem perceber muita coisa.
E naquele dia eu dormi à tarde, acordei com o telefone tocando, era a moça do laboratório.
— Boa tarde, Roberta??
— Sim, sou eu!!
— O resultado do seu exame já está aqui comigo, vc quer vir buscar amanhã ou quer que eu lhe diga o resultado pelo telefone?
— Os dois - respondi
Mas de verdade, eu tinha certeza de que era negativo. Nem expectativas eu tive. Então a moça me perguntou:
— Você deseja estar grávida?
Eu ainda devia estar dormindo, tava meio atordoada e respondi de qualquer jeito.
— Sim, sim!!
— Então pode comemorar, deu POSITIVO!!
Agradeci e desliguei o telefone.
Ro e Laura dormiam um soninho da tarde no sofá então aos berros acordei os dois para contar q finalmente o sonho da Laura tinha se realizado, ela teria um irmão.
Um bebê numa casa é uma dádiva, transforma tudo.
Os médicos queriam me matar pq engravidei no meio de um tratamento para depressão, falavam q eu teria depressão pós-parto e blablabla.
Não foi uma gravidez legal, eu não me sentia bem, física e mentalmente, muitas vezes chorava achando q o bebê iria estragar minha vida, que eu não poderia fazer nada mais na minha vida, era um desespero sem tamanho e hoje, anos depois, compreendo que era apenas a intuição de mãe falando comigo.
Eu não sabia, mas já SENTIA que minha vida nunca mais seria a mesma.
Deu tudo certo, em termos. Artur nasceu de 34/35 semanas, peso bom, saúde excelente, não ficou na UTI, se desenvolveu normalmente como todas as crianças, só chorava mto, mas esse muito é exagerado, fora do normal.
Eu aderi a todas as técnicas possíveis para trazer qualidade de vida ao meu bebê: cama compartilhada, sling, colo, teoria da esterogestação aliados à amamentação exclusiva.
Deu tudo certo, tivemos mais qualidade de vida e valeu mto a pena, tivesse outro filho, seria tratado da mesma forma.
Artur fez tudo o q todas as crianças faziam, mas com 1 ano de idade as coisas começaram a ficar um tanto diferentes, nós encarávamos como normais, até pq cada criança tem seu tempo e eu acho q isso DEVE ser mto respeitado. Ele não falava, não andava, mas ainda era cedo, engatinhou com 1 ano, achávamos que nem ia, até pq ele já andava segurando nas coisas desde os 10 meses.
Com 1 ano e 2 meses, nós o chamávamos e ele não atendia, um dia meu marido disse: 
— Esse menino parece surdo, sabia?
Eu ralhei feio com ele, de onde ele tirou isso?
Em 2009 eu tive mais problemas com o trabalho, sérios, graves e adoeci novamente, não houve como não me sentir morrer por dentro. A minha vida tomou rumos onde nunca imaginei, definhei praticamente até a morte, mas não morri.
Julho foi um mês terrível, agosto comecei a me recuperar do susto  e foi justamente nessa época que Artur mudou.
Só chorava, ficava deitado no chão, ou se balançando feito um sapinho. Estranho.
Em setembro não dava mais! Artur tinha 1 ano e 6 meses e não andava, Por que? Já que desde os 10 meses ele dava sérios indícios de q estava pronto? Ele não atendia a nossos chamados, não sorria mais, não respondia a estímulo algum.
Então foi aí que aconteceu tudo na creche, onde notaram que ele era autista e preferiram enxotá-lo de lá, foi então que minha amiga amada Anne me ajudou alertando-me para o autismo.
Eu senti um gelo na espinha, senti enjoos tbm, não sabia o que era, achava o que todos acham: autistas ficam num canto de balançando. E mais, naquele momento, era somente o q Artur fazia.
Me muni de coragem e pesquisei na internet o que poderia ser e para a minha surpresa, descobri o que era autismo e mais, tive a certeza de que meu filho era autista.
Sempre digo e é verdade de que não ouve um dia que levei meu filho em uma consulta médica esperando que dissessem que ele não era autista, pelo contrário, precisava da confirmação para dar os primeiro passos e procurar o tratamento.
Eu não conhecia nada, nem ninguém q tivesse um filho com espectro autista, então saí atrás. Procurei comunidades no orkut, sites, pesquisas, tudo, mas nada foi satisfatório, muitas vezes me virei sozinha, outras mais tive q dar força para as mães que encontrei, mas foi bom. Eu não tinha tempo para adoecer de novo, eu não tinha tempo para prestar a atenção na dor que era, eu apenas fui atrás de meu filho.
Resolvido tudo, já estávamos em Julho de 2010, então foi aí que meu luto apareceu.
A dor de perder um filho, a dor de não ser a mãe q todo mundo é, a dor da perda, de morrer e nascer de novo.
Engraçado que tudo em minha vida sempre foi assim.
Eu não gosto de restos. 
Eu não sei ter coisas presas em meus braços e minhas pernas.
Eu prefiro me desfazer de tudo e começar novamente, do zero, mas com a realidade atual do momento.
Eu sempre fui assim, desde muito nova.
Claro que sofro mais, mas chego a pensar que diante de pessoas que conheci ao longo da vida, estou mais do q certa.
Não recomendo morrer e nascer de novo, pode ser que um dia não tenha volta.
Mas hoje, eu gosto de ser quem nasci.
Tenho orgulho de mim.
Não sei de tudo, não sou perfeita, eu peco em muitas coisas, mas eu aprendi a dar o melhor de mim e tentar conviver com o pior.
Meu e das pessoas.
Acabou o conto de fadas.
Acabou a procura do príncipe encantado.
Acabou a "mais main" e a "menas mains".
Acabaram os protocolos.
Hoje eu apenas sou a mãe do Artur e da Ana Laura.
Uma mulher forte, mas q se deixa sentir fraca às vezes para não perder o rumo da prosa.
Pela felicidade dos olhos de meus filhos, vejo que estou no caminho certo.
Hoje eu sou uma pessoa feliz.
Quando digo que meus filhos são tudo em minha vida, não significa que são minha muleta, significa apenas que foi com eles que eu aprendi o verdadeiro sentido de viver.
Cada um atrai para si a dor necessária para seu crescimento.
Muitas coisas só aprendemos com a dor. É natural do ser humano.
Há quem nem a dor ensine. 
eNão sinto mais ódio e amargurada de sofrer, eu apenas olho para o céu todos os dias, dou uma risada pra Deus e digo:
— É comigo, né?? É pessoal, né? Então, ajudaê, preciso aprender!! Que seja da melhor forma possível e o mais rápido possível, pq quero mudar de fase logo.

Então, nunca mais as crises depressivas foram avassaladoras, nunca mais senti que faltava um pedaço de mim.
E NUNCA mais me senti sem esperança.
Posso morrer muitas vezes ainda, mas é com ela, a esperança, que me renovo a cada dia......

VIVA a minha vida.!!!
VIVA o Autismo!!!
VIVA o tanto que vc e eu pudermos crescer!!!

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Peito de aço


"— E quando você sentir medo, pegue ele do seu coração com a sua mão e esconda atrás de você!!"

Era assim que minha mãe me dizia quando eu era criança e sabia que eu estava com medo de enfrentar qualquer dificuldade .
Eu fazia questão de fazer todo o gesto: com a mão esquerda (sou canhota) pegava o medo do meu peito escondia na mão fechada e colocava as mãos para trás.
Depois que eu fazia isso, eu era mais do que tudo, o medo não existia.
E foi assim que me tornei uma pessoa destemida.
Demais para meu gosto e pior, para o gosto das pessoas que adoram vencer as pessoas pelo medo.
Eu não tinha mais medo de nada e quando tinha, lembrava de minha mãe dizendo que eu deveria enfrentar todos os meus medos e assim eu fazia.
Com o tempo e muitas pauladas, muitos tapas na cara e muitas facadas nas costas entendi que não basta ter coragem para viver nesse mundo.
Aliás, não é todo mundo que cresce aprendendo a admirar pessoas que tem coragem, pelo contrário, pessoas sem coragem de fazer coisas boas, pegam pessoas corajosas para humilhar, tentar destruir, ou seja, usam sua coragem para coisas sem sentido. 
Conheço aos montes.
Acontece que além de coragem, modéstia nunca foi meu forte, sempre fiz questão de mostrar e falar mto bem coisas a meu respeito e taí outra coisa que pessoas inseguras não gostam.
E foi com a coragem que minha mãe me ensinou a ter que já me vi na frente do Prefeito reclamando meus direitos, que já fui a fóruns reclamar  de perseguições, que arrumei muitos desafetos também.
Então, depois de muito sofrer, 8 meses afastada do meu trabalho, "doente" onde diziam que eu era incapaz de viver que eu entendi que minha coragem não servia para nada se eu não soubesse usá-la para meu bem e não apenas para enfrentar tudo.
Afinal, destemida como eu era e leoa como sou adotava o problema de todos, defendia a todos os 'impossibilitados' de fazer.
Tomei no cu!!!
Quando tive problemas, eles eram só meus.
Agora a minha coragem é minha e eu uso ela para mim, quando me fizer bem.
Muitas vezes me pego falando comigo :
"Que lindo Roberta, fica revoltada mesmo, é crueldade demais, é horrível tudo isso, mas lembre-se, ajude no que você PODE e deixe a pessoa SE AJUDAR no que ela pode". 
Ou quando a injustiça é comigo eu simplesmente me pergunto: "O que vc vai ganhar querendo provar ao mundo q ele está errado? Vai mudar sua vida de verdade? Vai lhe trazer grandes benefícios? Se não fizer vai perder muitas coisas?"

Acreditem, eu não me fazia essas perguntas.
Eu era a Mulher Maravilha com o peito de aço e braceletes poderosos!.

Um dia entendi que peito de aço e os braceletes não lhe impedem de perder uma perna ou um braço.
Perdi muitas coisas, até a mim mesma por um tempo.
A Mulher Maravilha precisou de uma identidade falsa e hoje ela aparece apenas em situações inevitáveis...

...Hoje me lembrei de minha mãe novamente.
Três anos de autismo e eu não tinha coragem de comprar brinquedos para meu filho em datas especiais.
Ele ganha presentes bons na instituição que frequenta, não liga para muitos deles e evitar dar presentes me evitava a dor de ver a sua rejeição para o nosso mundo.
Fugi!!!
O peito de aço falhou, coincidentemente na época em que eu fui atropelada pelos acontecimentos mais tristes em minha vida.
Fiquei fugindo do confronto por 3 anos.
Mas existem horas de tirar a identidade secreta e deixar a Mulher Maravilha aparecer.

Não sei lhe dizer se dói mais não ter dinheiro para comprar um presente para um filho ou ter dinheiro para comprar e não ter certeza de que isso vá fazer uma diferença em sua vida.
Como eu já passei pelos dois, digo que ter o dinheiro e ver um filho totalmente alheio ao seu agrado é de uma dor sem fim.
Hoje eu fui a uma loja e comprei um presente do dia das crianças para meu filho.
Comprei um presente "caro", nada chinês, nada vagabundo.
E só consigo pensar em como vai ser a carinha dele depois que EU tirar o papel de presente e mostrar para ele o que é.

Gosto de ter aprendido com a minha mãe a enfrentar meus medos.
Eu só precisava aprender com a vida que nem sempre é preciso enfrentar o mundo, dar murro em ponta de faca, ser uma super heroína para ser alguém e conseguir ser feliz.

Missão Cumprida!!!
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Administrando o fracasso


Foi num almoço mto legal hj com o Ro que o assunto se tornou a minha vida profissional.
Sinceramente eu nunca me vi tão infeliz e sem otimismo em toda a minha vida quando falei dela.
Engraçado que não foi um momento de ter pena de mim, de vitimismo, ou cansaço.
Foi apenas resignação.
Quando mais jovem, eu lia Forbes, revistas que falavam sobre política, estudava para muitos concursos (passei em todos que prestei, nunca menos do que 10º lugar), tinha sonhos de ser executiva (podem rir).
Mas nada na minha vida cooperou para isso.
E tbm eu me dei outras prioridades, pode ser isso.
Eu quis ter uma família e nunca parei para pensar que precisaria mantê-la.
ACABEI onde estou.
Numa profissão a qual nunca me adaptei.
Qualquer um vai querer dizer que foi falta de vontade.
Mas é mentira!!
Eu tentei amar o meu trabalho e nem é tão difícil assim.
Acontece que eu era uma pessoa ingênua, que não via maldade nas pessoas, nas coisas e achava que era mto, praticamente impossível, as pessoas não gostarem de mim simplesmente pq eu fazia de um tudo para agradá-las.
Os detalhes não importam.
Eu Não agradei e pronto.
Não curto coisas erradas, feitas de qualquer jeito e mto menos injustiças.
Mas, descobri de uma forma mto dura que o mundo é injusto demais.
Atualmente eu sou uma funcionária readaptada, não tenho capacidade para exercer as minhas funções profissionais.
E a Filha de uma puta da 'médica' esqueceu que além do trabalho eu tinha uma vida para administrar e não escreveu que eu era incapaz de cuidar dela.
Estranho demais isso, mas como falei: não vou entrar em detalhes.
Eu sempre fui pretensiosa também.
Nunca achei que o mal pudesse me acometer e quando acomete, de tão abusada que sou, prefiro pensar que a vontade de Deus é outra, procuro aguardar os próximos acontecimentos e logo compreendo que O ruim, simplesmente estava tentando me aproximar das coisas boas.
Trabalho frustrada, sem ser nada do q pensei, sem ser sequer alguém.
Sou desprezada involuntariamente, ou não, por todos.
Dói vc crescer querendo ser tanta coisa e ver q não rolou ser nada.
"— Minha vida profissional é um fracasso!!!! - Falei na mesa tentando encerrar um assunto que dói.
— Você não é, tem q se impor, mostrar quem vc é. - ele me disse.
— Eu sei quem eu sou!! Toda vez q tenter ser algo no trabalho, eu não prestei, já entendi o meu lugar lá, não vou mais lutar para ser algo, qdo lutei, provaram ainda que de má fé que eu não sou nada.
— Se vc quer assim..... poderia fazer outro concurso.....mudar. - ele argumenta
— Estou com 36 anos. Tenho 11 anos trabalhados, as pessoas reconhecendo ou não. Tenho uma filha de quase 15 anos, um filho autista com 4, na minha vida não tem mais espaço para REVOLUÇÕES. A minha vida profissional é um fracasso, mas e daí?? Eu tenho que me preocupar agora com a vida profissional da minha filha, a dela sim tem chances de ser mta coisa - disse isso muito resignada, mas com olhos cheios de lágrimas e feliz por ter comprado aqueles óculos escuros na semana passada."

Sim, minha vida profissional foi um fracasso e ainda é.
Mas como eu disse que sou pretensiosa e abusada, vou justificar dizendo apenas que pelo que eu era, se a vida não tivesse me dado tantas 'rasteiras' seria praticamente impossível eu ser quem eu sou hoje.
Tenho certeza de que se eu fosse uma executiva, ocupada e absorvida com a vida que sonhei para mim, não teria visto os sorrisos lindos de meus filhos que vi todos esses anos. Não teria a sensibilidade e até 'frouxura' de ver uma criança chorando e mesmo sem saber o motivo, chorar juntos com ela.
Não saberia o significado do que é ser mãe, pq em circunstâncias semelhantes deixei o trabalho me dominar e não tive tempo para minha filha e meu filho.

Se eu fosse uma executiva ocupada, eu teria tempo para meu filho, para lutar pela independência dele, talvez pagasse alguém para ficar no meu lugar.
Tenho certeza de que se eu tivesse realizado meus sonhos profissionais, eu só teria uma vida profissional.
E eu tbm não consigo pensar mais numa vida diferente para mim.
Eu sou quem a vida quis que eu fosse, eu sou o melhor q eu posso ser para a vida que eu escolhi.
Eu escolhi ter uma família e a vida me fez fazer escolhas para cuidar dela.
Eu poderia agora enfiar a cara nos livros, estudar feito louca e ter outro emprego com uma estabilidade tão boa qto a de hoje.
Mas por morar numa cidade em crescimento ainda, teria q trabalhar em outra, teria q viajar todos os dias, teria dificuldade para me ausentar do trabalho para cuidar as coisas do Artur, não teria tempo para educar minha filha que está numa idade complicadíssima, onde ela precisa do apoio dos pais para ser uma grande mulher.
Então, escolhi a profissão de mãe.
Ainda que eu saia cedo de casa todos os dias e tenha um trabalho, a minha realização está em vê-los bem.
Não vou negar que choro escrevendo isso.
É muito, muito difícil perder, deixar sonhos de lado, aceitar que nada é do jeito que vc gostaria que fosse.
E é mto mais difícil administrar tudo isso.
A frustração machuca meu coração todos os dias.
Tenho dias legais, dias ruins, mas é duro ter uma vida sem perspectivas.
Só que eu sou RUIM, RUIM mesmo e eu não vou aceitar essa condição que a vida me impôs somente chorando e lamentando.
Eu vou ser a pessoa destemperada que sempre fui.
Eu vou ser feliz dia sim, outro não, dia sim, outro tbm.
Pq eu não sou apenas resultado de minhas escolhas.
Antes de eu ter q pensar em meus filhos e deixar minha vida profissional ir para o ralo, eu lutei muito para mudar de trabalho.
Cheguei até a esperar e estudar 1 ano para um concurso e como a data dele só foi divulgada pela internet e eu não tinha internet em casa, perdi o dia da prova que tenho certeza de q iria passar.
A vida me 'sabotou' tbm.
E eu que já tentei deixá-la, que já cheguei a desistir de andar ao seu lado, entendi que a vida não vai me deixar e que se eu tenho que ficar com ela, VAI TER QUE SER BOM!!!

Minha vida profissional é um fracasso, mas eu não sou!!
Então, que se foda!!!

(gostaria de deixar claro que quando disse que se eu fosse executiva deixaria meus filhos para depois, eu falava sobre mim, sobre como eu faria e não que qualquer pessoa que tem uma vida profissional atarefada faria)




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