O nosso formando


Bem, como eu havia dito por aqui, estava receosa como sempre com a formatura do pequeno Artur.
Fiquei ansiosa o dia todo e fui pronta para chegar na porta da escola e ele sequer querer entrar como em todas as festas do ano.
Mas, para minha surpresa, Artur não só entrou na escola e, quando se deparou com essa cena, caminhou pelo tapete vermelho sozinho até seus colegas de classe.
A coordenadora encontrou uma cadeira próxima a ela para ele e lá ele permaneceu.


Preciso dizer que nesse momento eu desandei a chorar compulsivamente???
Não né???
Não é fácil você tomar decisões que muita gente não tem coragem, não é fácil você fazer escolhas que envolvem o bem estar de seu filho, mas que caminham pelo desconhecido e eu fui e fiz.
Ver meu filho fazendo coisas incríveis para nossos olhos e muitas vezes impossíveis para ele é uma demonstração de que tudo tem valido a pena e só me anima a não desistir de nada.
E essa cena então???
Meu gatão, sentadinho em sua cadeira, esperando sua vez de pegar seu diploma. Taí outra imagem que não tem preço.
Hoje sinceramente não sei muito o que escrever para vocês, estou atrasada com a postagem, com a cabeça em outras emoções, outros blogs que tenho também, mas quero deixar tudo, tudo registrado aqui sobre como tem sido nossa vida.
Foi um dia especial e inesquecível.
Quem sabe um dia Artur veja essas fotos e se lembre, talvez ele consiga ler o que escrevo, talvez ele fale, talvez ele faça um monte de coisas, mas por hora, vou ficando apenas com suas conquistas nunca deixando de lutar por mais e mais.
Beijos do meu formando do Ano.

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Uma formatura de outro nível


Artur uniformizado para foto de formatura
Dia 17 de dezembro será a cerimônia de formatura do Período Pré-Escolar do Artur.
Pensei muito antes de postar. Se deveria esperar para postar depois para ver se teria fotos, mas decidi postar antes.
Como sempre, pode ser que Artur não se sinta à vontade para participar da cerimônia e para controlar minha ansiedade e minha mente inquieta decidi postar antes.
Não é uma simples formatura pré-escolar.
Seria se Artur não tivesse passado por tudo o que passou. Se não tivesse sido tudo o que foi.
Já no maternal foi literalmente rejeitado, era devolvido todos os dias até que foi convidado a sair da escola. Mesmo assim, Artur chorou só no começo como qualquer outra criança.
Mesmo sempre doente, incomodado com o desconforto de sua alimentação errada, Artur não chorava para ir para a escola.
Passava o dia inteiro lá, tentando se superar a cada dia e assim o fez.
No dia que não ia à escola, passava o dia inteiro fora, dentro de uma kombi, por horas, para fazer 2 horas de terapia no máximo.
Ainda assim, Artur nunca disse que estava cansado. Ele apenas ia.
Mesmo passando fome. Sim, Artur passou fome na escola, emagreceu porque não sabia pedir, ou não gostava da comida, ainda assim, Artur foi para a escola.
Mesmo depois de mais e mais mudanças, fosse na alimentação, fosse na sua rotina escolar, Artur foi para a escola o quanto pode.
Mesmo enfrentando as dificuldades que são suas, as dificuldades que qualquer pessoa que não convive com suas dificuldades tem, Artur nunca reclamou, nunca chorou no portão que queria ficar com o pai, mesmo com sono, Artur foi para a escola sempre que pode.
Artur nunca dançou quadrilha, nunca entendeu quem é o coelho da páscoa, não sabe quando é o dia dos professores, mas Artur sabe o que é amor e Artur sempre amou e deixou doçura por onde passou.
Mesmo não frequentando a escola como eu gostaria, mesmo a escola não sendo como deveria, todos nós sempre tentamos e muito conseguimos.
Artur aprendeu a se alimentar sozinho, Artur aprendeu ir ao banheiro, Artur aprendeu a pintar, Artur aprendeu a se interessar e tudo isso foi com a ajuda da escola.
Talvez, antes de muitas crianças, hoje tenho certeza de que Artur sabe ler e isso ele aprendeu sozinho.
Talvez ele nunca seja o melhor aluno da classe, talvez ele nunca consiga fazer uma atividade dentro do esperado.
Certamente nada foi como eu sonhei, mas essa certeza jamais me impedirá de ver as conquistas do Artur.
Uma criança que tem intolerâncias e alergias alimentares e sofreu demais com tudo isso. Uma criança que tem dificuldade de interação social, que não fala, uma criança que tem atraso no intelecto e conseguiu tudo o que Artur conseguiu.
Artur vai se formar e não é apenas na pré-escola, Artur está se formando um novo ser todos os dias, ele está crescendo, se transformando numa pessoa melhor.
Artur será um grande homem. Talvez ele não trabalhe fora, talvez ele não seja um pai de família, mas Artur vai ser alguém.
Alguém que fez diferença para si, alguém que transformará a vida de muitas pessoas em alegrias, em realizações, em aprendizado, Artur não só será um grande homem como será um transformador de grandes pessoas de bem.
Artur não é um anjo, Artur não é um 'enviado' especial para iluminar nossas vidas.
Artur é muito mais que isso.
Artur é um menino que nunca desistiu, Artur é alguém que eu aprendi a admirar e batalhar todos os dias para tentar ser como ele.
Artur é alguém que consegue ser muito mais que muita gente, dar um banho de determinação e conquistas em quem vive por anos uma vida melhor e com tantos mais recursos.
Artur é meu filho, meu amor, minha grande inspiração sempre.
Parabéns para ele que me ensinou que na linguagem do autismo não existe a palavra DESISTIR.
Parabéns para o Artur que representa o grande significado da palavra SUPERAÇÃO.

E vamos para um novo ano, uma nova fase, em busca de mais conquistas!!!!
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Então tá


Ele acha que o problema é tempo.
Ela acha que não tem nada a ver.
Ele diz que faz demais.
Ela diz que faz tudo que pode.
Eles não são mais felizes.
Ele acha que o problema é o trabalho, aliás, sempre foi.
Mulheres deveriam se dedicar à família.
Ela acha isso ridículo, ainda mais quando a questão financeira não fica bem definida com uma pessoa só.
Ele acha que ela não ajuda.
Ela acha que ninguém vive para sempre, que nada é para sempre e que todos devem caminhar com suas próprias pernas.
Ele acha que o problema é o trabalho, sempre.
E ela, para não ouvir que não cedeu, que não lutou, que o deixou sozinho, vai ceder.... mesmo sabendo que não vai adiantar nada.
Porque Ele simplesmente decidiu ser infeliz.
Ser mulher é malabarismo puro:
Às vezes palhaça.
Às vezes dramática.
Às vezes burra.
Creio que eu já tenha culpas e responsabilidades demais, não quero essa para mim.
Mudando de vida (ou não) em 3,2,1...

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Cansada de protocolos


Ultimamente eu ando muito mais cansada dos protocolos que o autismo exige, mas do que de costume.
Sempre o mesmo assunto, sempre as mesmas abordagens.
Sempre as dificuldades e sempre SOZINHA.
Acredito que semana passada foi a gota d'água para mim.
Artur fez exames para alergia.
Realmente foram muitos.
Não sei identificar um por um agora, mas todos os exames para reagentes específicos deram negativo, principalmente os de alergia alimentar.
A não ser para alergia ao Pó.
Mas, o exame que mede o nível de alergia foi devastador.
Para sua idade o ideal seria  menor 60UI/mg e o resultado foi acima 1290 UI/mg .
Não sou médica, não sou estudante, não entendo muito, mas será que precisa ser para compreender que meu filho está sofrendo graves problemas de saúde por ser alérgico?? E será que realmente esses tipos de exames são suficientes para negativar uma alergia alimentar???
A pergunta que mais me fiz todos esses dias foi: "Por que nunca nos pediram exames tão simples e comuns??"
Senti raiva de mim por diversos motivos que por questão de ética não citarei aqui, mas tem sim a ver com os quase 3 anos de tratamento na faculdade onde ele foi atendido por alunos, professores e tudo mais.
Resolvi dar um tempo do mundo autista, pelo menos das intervenções básicas.
Não vou me desesperar atrás de psicólogos, terapeutas, vou esperar, fugir, inclusive desses nutricionistas.
Uma mãe não merece esperar a boa vontade dos médicos enquanto vê o corpo de seu filho inteiro assim

Tenho estudado outras formas de ajudar meu filho.
Estou estudando muito, lendo muito e tentando muito.
Os resultados serão demorados, estamos há muito tempo sofrendo com dermatites, bronquites e todas "ites" possíveis que todo alérgico costuma ter.
Eu não me importo com o que as pessoas pensam a respeito.
Pensar a respeito é muito vago, é muito nada quando você tem um filho com a pele sangrando sem você ter ideia do que ocorre.
Não preciso me desesperar para que meu filho fale, não preciso me desesperar para que ele esteja ao lado de alguém que o ensine o que eu não sei ensinar.
Eu preciso do meu filho bem.
E estou em busca disso.
Estamos em fase de testes, estamos em fase de estudos.
Por questões lógicas, não vou divulgar nada aqui nesse blog.
Tudo o que eu não preciso é de mães se descabelando achando que estou em busca de milagres.
Sou apenas uma mãe desesperada em busca de qualidade de vida para meu filho. Ele precisa de saúde e no momento não a tem.
Também não preciso de gente me criticando pelas minhas escolhas. Eu preciso de pessoas observadoras, pessoas de mente aberta, pessoas que tentam de tudo antes de se sentar no chão e chorar.
E eu me enquadro nesse segundo tipo de pessoas.
Daqui pra frente, por um tempo indeterminado, somos eu e meu filho.
A vida com seus mistérios criou coisas em mim que não sei de onde vem.
Muitas vezes tive vontade de perguntar ao meu psiquiatra se ao invés de TBH eu não possa me enquadrar no espectro autista.
Mas daí eu paro e penso que na verdade, para compreender e ajudar meu filho, eu me tornei um pouco autista também.
Não apenas no comportamento, mas na questão de saúde.
Recentemente eu fiquei muito doente. Os meus problemas de saúde foram semelhantes aos do meu filho: diarreias, cólicas intestinais, dermatites e tudo mais que poderia vir no pacote.
Procurei em vão médicos que pudessem me ajudar e nada aconteceu.
Gastei dinheiro que não tinha com viagens para exames, sofri com todos eles, gastei mais dinheiro com remédios e nada aconteceu, o sofrimento permaneceu.
Até que um dia, o conhecimento foi entregue a mim e com ele, muito estudo e dedicação eu tomei as rédeas da minha vida e organizei minha saúde.
Sinceramente ainda acho cedo fazer outro exame tão invasivo para detectar minha cura, ou pelo menos estabilidade, mas é indescritível saber que eu acertei e me sentir humana novamente.
Então, como eu disse, daqui pra frente, minha relação: Artur, eu e os médicos será muito bem melhor selecionada.
Quero profissionais que aceitem o novo, que se permitam ousar e que principalmente, assim como eu: devolvam à saúde do meu filho.

Para quem tiver interesse em acompanhar nossa trajetória, deixo o endereço do meu blog para MEU ESTUDO e o andamento de minhas teorias e práticas.

Mas adianto desde já: Não vou admitir de maneira nenhuma críticas ou argumentos sem embasamento científico. Primeiro estude, primeiro informe-se, depois argumente. Também não posso ajudar para quem se interessar pelo assunto, a única dica que deixo é: Se você acredita, se você quer, estude. Aprenda e se empenhe.

http://autismo-dieta-paleo.blogspot.com.br

Beijos
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Minha consideração pessoal.





Foram quatro domingos.
Quatro reportagens sobre o tema autismo.
Antes de qualquer opinião pessoal, quero dizer que estou muito feliz por ver o autismo abordado de uma maneira mais profunda e abrangente.
Nunca fomos tão vistos, nunca estivemos tanto em evidência e isso é importante.
Mas, continuamos na mesma.
Olhando de maneira totalmente pessimista, ficou claro que quem tem dinheiro tem mais acesso a melhoras significativas, mas nós que temos um autista em casa sabemos que não é bem assim.
Autismo requer envolvimento, comprometimento.
O que seriam de nossos filhos sem isso?
Achei que algumas coisas não ficaram claras e gostaria de evidenciar e muito, pois recebi questionamentos de mães de recém-nascidos preocupadíssimas porque seus bebês não olhavam em seus olhos enquanto mamavam.
Achei que realmente faltou dizer que para se caracterizar uma criança dentro do espectro autista, é necessário uma avaliação muito profunda e abrangente.
Eis os sintomas frequentes, não que todos os autistas DEVAM apresentar, mas podem ser observados numa criança portadora de autismo:


Sei que é uma falha minha estar desatualizada sobre quantos dos sintomas a criança precisa apresentar para se enquadrar no espectro, mas no tempo em que eu desconfiava do autismo no meu filho eram pelo menos 8 (oito).
Vejam bem, não é apenas um sintoma.
O espectro autista costuma ser muito sutil em bebês, algumas crianças em sua maioria, manifestam após 1 ano e meio de idade.
E foi como aconteceu com meu filho.
Tínhamos contato visual, a parte neurológica era totalmente preservada, a parte motora dentro do normal e somente quando ele tinha 1 ano e meio é que achei estranho o fato dele não imitar os adultos, não dar tchau, não manter contato visual, não falar nada e, principalmente, não andar,  já que andava segurando pelas coisas desde os 10 meses.
Depois que tive acesso a muitas informações, pude identificar o autismo no meu filho bem antes do que tive o diagnóstico, mas era tão sutil que só com um alerta e conhecimento é que pude perceber.
Acho que foi uma das coisas que as reportagens pecaram.
Também foi muito triste ver que não termos perspectivas, ou seja, o sistema é falho, a lei não funciona e só.
As reportagens serviram apenas para que todos saibam o que já estamos cansados e massacrados de saber.
Foi muito lindo, maravilhoso ver as vitórias de nossos filhos, porque todo autista é um pouco nosso filho também.
Faltou dizer que temos dificuldades com diagnóstico justamente por falta de profissionais dedicados ao autismo.
Faltou dizer que existem estados em nosso país que sequer possuem psiquiatras, ou apenas 1 para atender o estado inteiro.
Faltou mostrar as soluções que nosso país busca para providenciar atendimento para nossos autistas, mas o  fundamental para nossos autistas, não faltou: AMOR.
Em cada olhar sofrido de pais, em cada beijo, abraço de um lutador do autismo ou um autista ficou evidente a quantidade de AMOR que emana através desa  luta.
E é assim que tem que ser.
Somos lutadores, somos semeadores do AMOR.
Não somos vítimas de nada que não o descaso, mas ele não pode e nem vai nunca atrapalhar o trabalho do AMOR.
Algumas vezes pode levar mais tempo, algumas vezes é rápido, algumas vezes pode levar até ao abandono, mas tem AMOR demais no mundo e sempre haverá um humano bem dotado para doá-lo.
Muitas vezes sinto-me só, desamparada, desassistida, mas são momentos raros, porque basta pensar em tudo o que eu aprendi, em tudo o que eu vivo, o sorriso do meu filho, seu olhar vivo, seu interesse pela vida, basta vê-lo fazer suas escolhas, suas exigências e até mesmo seus defeitos, nos amigos e parceiros que adquiri que eu vejo o quanto estou bem acompanhada e o quanto estou no caminho certo.
Aceitei meu filho, aceito suas dificuldades, batalho diariamente driblando minhas limitações, minha auto-piedade para dar qualidade de vida a ele e a minha retribuição, meu resultado sempre foi o sucesso.
Não tenho controle do futuro, não posso prever, fazer grandes perspectivas e isso é muito doloroso porque tenho consciência de que o mundo não é justo e bom.
Mas não posso viver em função desse medo, alimentar essa insegurança porque eu preciso pensar no meu filho.
Quem deveria sentir medo era ele, quem deveria sentir revolta era ele, quem deveria se sentir desamparado com sua situação é ele e eu só o vejo sorrir e tentar aprender.
No final vejo que quem tem muito mais a aprender somo nós, a dificuldade está em nós. Nossos autistas são básicos, simples,  humildes e humanos, nós que com nossa sabedoria é que queremos transformar tudo.
Eles vivem com o que tem, aprendem com o AMOR que dedicamos e isso independe da ajuda que temos ou não.
Creio que a única dica que eu tenho para dar é a de sempre: Procure ser o melhor que puder , aceitar seu filho como ele é. Não sinta dor por ele não se encaixar dentro dos padrões exigidos pela sociedade, ninguém se encaixa, apenas fingem muito bem.
Não se pergunte porque você, não pergunte sobre o futuro, não destrua seus sonhos, não faça nada além de amar e ensinar seu filho a buscar.

Como eu sempre digo:

ACEITE SEU FILHO COMO ELE É. DEPOIS ENSINE-O A BUSCAR O MELHOR QUE ELE PUDER SER.





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E eu me lembro de como foi fácil da primeira vez.
Era tanto amor que existia dentro da gente, tanta vontade de dar certo e a gente fez.
Planejamos de um jeito louco, inconsequente que só os ótimos sabem ter e fizemos dar certo.
Claro que não foi fácil, enfrentamos muitas dificuldades, mas o desejo de dar certo foi sempre maior.
E você foi pai e eu fui mãe.
Realizamos o sonho um do outro.
E você foi o melhor pai que pode ser.
E foi bom e eu quis mais.
E você teve medo. Relutou, deve ter-se lembrado das dificuldades que enfrentamos, mas eu insisti e mais uma vez, engravidei.
Engraçado como das duas vezes você recebeu a notícia no dia dos pais. Muito engraçado mesmo.
E você sempre foi o melhor pai que pode ser.
E eu sempre me orgulhei disso.
Lembro de quando tivemos medo de quando tudo se desfez em nossa frente e você não sabia mais ser pai.
Mas como eu também não sabia mais como ser mãe, me apeguei no quanto você sabe amar bem e te guiei.
E eu me orgulho de cada coisa que você faz.
Não me recordo de ter conhecido um pai tão fofo como você.
Aquele que descobre que a filha de 15 anos está namorando no dia de seu aniversário de 40 anos e pula de felicidade.
Aquele que faz tudo o que o filho precisa sem medir esforços.
Aquele que quando perde a paciência apenas reclama alto.
Aquele pai que não bate nunca.
Um pai presente, especial, ponderado, brincalhão ,chato, mas que vive para sua família.
E quem dera toda família pudesse ter um pai como você.
Um pai que se orgulha da família que tem.
E a gente nunca ia ser uma família igual às outras mesmo.
E eu só agradeço a Deus por ter tido você.
Por ter tido meu pai, também.
Ele também fez parte das minhas escolhas, ele me orientou o quanto pode e hoje se sou a mulher que sou é porque meu pai esteve lá.

Eu só quero agradecer aos homens (os de verdade) por existirem e fazerem parte de minha vida.
Com eles eu pude provar a sensação de me sentir protegida e hoje é dia de agradecer a eles tudo o que eles são e ao que me ajudam a ser.

Obrigada!!!!♥
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Ao zero novamente?


Então é isso!!
A história se repete sempre!!
Você vai ao médico, se anima, tem um trabalho FILHO DUMA PUTA para conseguir guias, encaixes, exames, deixa seu filho sem comer, ser sedado para..................????
NADA.
Claro que não tem notícia melhor do que saber que os resultados dos exames são excelentes.
Que seu filho não tem nenhuma doença degenerativa, nenhuma síndrome grave ou rara.
Mas dói porque qualquer lugar que eu vá, qualquer palavra que me digam, a qualquer dispensa médica eu sempre "ouço":
"—Você precisa de dinheiro para cuidar de seu filho".
E assim, lá foram mais  de 1 ano desde o pedido, 4 meses de toda essa trabalheira, cansativa, com a cirurgia e recuperação do meu marido no meio, meus problemas de saúde que estavam desagradáveis, perdidos.
Muitas vezes me perguntei e me perguntaram porque meu filho tinha 5 anos, quase 4 anos de diagnóstico e não tinha feito nenhum exame desse tipo.
Muitas vezes senti culpa por isso.
Aliás, vale mencionar que para fazer todos esses exames eu tive que trocar de plano de saúde, batalhar pela compra da carência, esperar alguns meses para que pudesse fazer esses exames e conseguir atendimento com essa médica o que me custou algumas caixas de bombons pela delicadeza das atendentes da clínica.
Tudo isso para ela olhar para mim e dizer:

"- Tá tudo bem com seu filho. Ele está ótimo!! Não vejo necessidade de meu acompanhamento já que ele faz acompanhamento com uma psiquiatra, que pelo que me descreve, é excelente (verdade), ele não tem convulsões, não precisa de medicação, é calmo, assim que tiver os outros exames você deixa eles aqui que eu ligo para você sobre os resultados. Ele precisa de uma psicóloga (pra que? Não explicou), mas creio que pelo plano....hummmmm.... não sei!! Os planos de saúde estipulam quantidade de atendimento, não vai valer a pena (expressão derrotadíssima)."

Assim, lá se foram mais quatro meses.
Nunca achei que a médica resolveria os problemas de minha vida, talvez SER médica resolvesse, ou talvez não.
Além de esbarrar na questão financeira para o tratamento do meu filho, esbarro na questão geográfica. Em minha cidade não tem.

As cobranças vem e as pessoas nem percebem que, às vezes com perguntas mais incisivas, de que quem sabe pouco sobre o assunto, ou até mesmo sobre lutar.
Não me importo de responder NADA sobre autismo, inclusive sobre PORQUE MEU FILHO NÃO TEM TRATAMENTO ADEQUADO MERECIDO E GARANTIDO POR LEI (e deveria ter).
Acontece que muitas vezes as respostas não serão satisfatórias para você, mas pare para pensar: Imagine para mim, a mãe!!!
O que fazer agora?
Claro que eu vou pegar a guia de encaminhamento ao psicólogo e ir atrás de alguma qualidade de vida para meu filho.
Mas é importante saber que abordagem o profissional irá utilizar.
Mais importante: em que cidade ele irá atender meu filho já que é quase certeza de que em minha cidade não tem.
Tudo sempre esbarra na mesma situação!!!
Eu sei que eu que tenho que resolver isso.
Eu sei que eu vou ter trabalho.
Eu sei que estou dando voltas e sempre esbarro na mesma questão.
Eu tenho que criar.
Nesse momento, estou num momento de criação.
Tenho ideias, tenho sonhos, projetos imensos, faltava o essencial, mas parece que consegui.
Não, não vou dizer claramente o que farei, realmente nem sei!!
A vida tem sido generosa comigo.
Desse período todo, somente as pessoas diretamente envolvidas na rotina diária de Artur foram suficientes para colaborar e muito no seu desenvolvimento.
Se com o tratamento 'adequado' e qualificado tudo ficaria melhor???
Não tem como saber, não é??
O autismo é algo muito novo para muita gente, mas não tão importante.
E eu, Roberta Evangelista, apenas pretendo tornar isso diferente.
Tenho sérias pretensões, grandes ideais, uma capacidade de realização incrível, mas, certas coisas a gente só tem certeza tentando, não é?
Então, agora é assim.
Estou tentando.
E o que eu conseguir, assim como tenho feito nesses quatros, dividirei com vocês.


Beijos!!


 
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O ano passou e nós crescemos


Acho que antes de ler o que irei escrever, seria importante
vocês lerem aqui:


http://viagem-de-mae.blogspot.com.br/2012/06/decepcoes-e-e-so-o-comeco.html

Eu li tudo, não senti tristeza. Tive a sensação de assunto encerrado.
Tenho me sentido tão adulta ultimamente, um maturidade tão grande para enfrentar as coisas, mas lendo esse texto, não tenho como não agradecer a Deus como tudo nossa vida mudou para melhor.
Meu filho não usa mais fralda, não fica mais assado, toma leite de vaca, pede para ir ao banheiro, a estagiária aprendeu tanto que Artur e ela são amigos de infância, a Diretora é outra, a inclusão tem sido preocupação e investida na minha cidade, eu consigo levar meu filho para a escola e não tenho mais medo de levá-lo à escola, aliás, atualmente tenho o levado todos os dias, de coração aberto.
Eu cresci!!!!
Eu não me calei!!
Eu fui madura naquele momento e isso foi fundamental.
Mas, não sou de ferro.
Estamos em JULHO.
Dia 12 teremos festa JULINA.
Como não sentir medo??
Tenho sim, mas é pequeno.
Meus receios são outros hoje.
Como ele vai reagir no meio de tantas pessoas? Afinal a festa será à noite, aberta ao público em geral.
Realmente eu não sei a resposta, mas quero sim, uma foto fofa do meu anjo azulado com bigodinho falso, camisa xadrez e esquecer de uma vez por todas esse dia 27 de junho de 2012 que ainda enche meus olhos de lágrimas........
Prometo compartilhar com vocês!!
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Tome remédio você!!


Tem muitos anos que penso em fazer essa postagem, mesmo sendo totalmente impulsiva e formadora das minhas próprias opiniões e sempre buscando embasamento, achei que não era o momento certo.
Muito interessante isso. Pq nunca imaginei que falaria sobre isso dessa forma.
Hoje me vejo pronta para falar sobre os tão temidos REMÉDIOS.
Na primeira fase do autismo, aquela onde você procura de tudo: médicos, terapeutas, milagreiros e tudo mais. Muitos psiquiatras oportunistas e totalmente financiados pelas indústrias farmacêuticas, além de cobrar absurdos em consultas médicas para colocar um CID num papel, aproveitam-se da fraqueza e do momento de desespero dos pais para dar a tão temida receita: RISPERIDONA.
Também acho que Deus, em sua infinita sabedoria, nunca fez com que eu me deparasse com um médico desse, porque a briga ia ser feia.
Não creio em curas milagrosas, não sou naturalista  e muito menos menosprezo o trabalho de quem buscou qualidade de vida para nossos filhos criando esse e outros remédios.
Mas comigo NÃO!!!!!
Eu, bipolar como sou, NUNCA me adaptei a remédio algum.
Recebi o diagnóstico de 3 psiquiatras, transtorno bipolar também não tem exame e todos foram enfáticos no diagnóstico. Não discuto mais.
Me enquadro perfeitamente nos sintomas, não nego, mas é inquestionável que comigo medicação não funciona.
Depois de 3 anos, de pura enganação, de tentativas desastrosas incluindo alergias e efeitos colaterais detestáveis e até pesados para contar num blog que eu tento fazer que seja doce, eu tive.
Nunca, no meu caso, em momento algum, o custo/benefício compensou, meu médico desistiu de medicação comigo e decidiu me avaliar sem elas.
Acordar tonto, precisando se apoiar pelas paredes, dores de cabeça, irritação, enjoos, angústia, foi tudo o que eu senti quando tome medicações.
Carbamazepina, Haldol, Flouxetina, Lítio, Sertralina, Rivotril, Lamitor, nada, nada disso me ajudou, aliás, só agravou meu quadro e em um dado momento foi desastroso. Quase colocamos tudo a perder.
Artur não dormia.
Já ficamos 3 dias e 3 noites sem dormir.
Saindo às 3hs da manhã de casa para uma consulta médica por conta do transporte oferecido pela Prefeitura, sem grana para o almoço, sempre tudo muito difícil.
A primeira neuropediatra receitou Neoleptil para o sono.
Dei uma noite, duas noites e caí em si.
Como posso ter coragem de fazer meu filho sentir tudo o que eu senti??
Doei o remédio.
Não sou à favor de medicação para o autismo,somente depois que todas as outras possibilidades foram esgotadas.
Rotina, terapias, lar tranquilo, momentos de prazer, preparo para o sono, aquele igual como fazemos com recém-nascidos.
Instituir uma rotina da hora em que ele acorda,até a hora de dormir foi fundamental para nossas noites de sono.
Artur toma um banho, ouve sua música favorita e dorme, em 5 minutos. Ele já conhece os horários, as sequências e se você não faz, ele cobra.
Ver meu filho dormir em paz e acordar sorrindo, ou com preguiça de ir para a escola me traz uma satisfação sem tamanho, não é apenas a paz de poder dormir, mas a paz de ver que meu filho não precisa dos remédios.
Depois dessa neuropediatra, nenhum outro psiquiatra viu a necessidade de medicação e eu também não vejo.
Daí, estava tudo resolvido.
Nãooooooooooooo!!!
Eu não dormia.
A vida, a rotina, as preocupações, tudo me tiravam o sono.
Eu não conseguia dormir.
Vivia deprimida, chateada, sem vontade de nada, os problemas tomavam meu tempo, meu sono e eu parecia um zumbi.
Em 3 anos de tratamento com o psiquiatra sempre relutei com remédios para dormir.
Claro que eu sou contra os efeitos colaterais, mas a desculpa que usava era a de que Artur ainda é como um recém-nascido, acorda à noite, chora, tem pesadelos, como eu vou tomar um remédio para me 'apagar'?
E ele deixava de lado.
Mês passado eu desisti.
Achei que valia a pena tentar.
Pedi uma receita, falei que precisava dormir.
A receita?? Rohypnol.
Morri de rir quando descobri que é o famoso boa noite Cinderela.
Relutei em comprar, acho que foram 12 dias depois da consulta. 
Mas criei coragem e numa compra grande na farmácia, incluí do tal remédio.
Esperei um feriado prolongado para testar e tomei.
Foram 3 noites onde ao acordar pela manhã senti-me renovada.
Comentei de brincadeira que se tivéssemos mais uma noite tão aconchegante juntos, eu celebraria um casamento.
E na quarta noite, firmamos um compromisso.
O que ficou mais evidente nisso tudo, é que todos os meus problemas eram pela falta de dormir.
Claro que o efeito colateral do remédio é me deixar no 220W, mas dormir, uma noite inteira, conseguir acordar para atender as necessidades do filhote e conseguir dormir rapidamente novamente, não tem preço.
A conclusão que cheguei é de que nunca o problema foi meu filho, suas dificuldades noturnas foram resolvidas com uma rotina fofa de sono e o problema era EU.
Lembro-me de uma vez perguntar a uma mãe: Afinal, quem precisa realmente desse remédio??
Sua filha, ou você???
Não, não digo que você não deva dar remédio para seu filho.
Existem casos que sou totalmente favorável e um deles é na auto-agressão.
Mas não posso negar que creio que o ambiente também interfere e muito no comportamento do autista.
Tentar manter a ordem do lar, batalhar por qualidade de vida para a família inteira é muito mais importante do que uma receita azul.

O que eu recomendo???
Se eu for grossa, digo: Tome o remédio primeiro você. Sinta o efeito dele, se achar que os efeitos colaterais valem a pena, dê.
Mas, sendo gentil eu digo: Dê, mas somente depois de ter esgotado tudo o que for possível.

No meu caso, quem precisava de remédio para ter um lar estruturado e uma família feliz, era EU!!

Pensem nisso!!!

Beijos
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E eu fiquei assim


Já falei diversas vezes aqui como eu lido com as birras do meu filho.
Antes de ser autista, ele é uma criança.
Eu ainda me lembro de quando eu fazia birra.
Ser atendida era delicioso e confortante.
Não ser atendida e ainda levar uns tapas, nada interessante.
Muitos anos em minha vida não desenvolvi nenhum método em como lidar com isso.
Laura sempre foi uma menina compreensiva. Aliás, não me lembro de ter conhecido uma pessoa tão compreensiva quanto ela. Tem horas que eu cobro uma reação da parte dela.
Nunca tivemos uma crise de choro e birras na rua.
Muita sorte e muito amor também porque sempre fiz questão de ensinar como se comportar. Quando íamos a uma mercado e ela pedia algo que não dava, eu combinava uma data e cumpria sempre.
Desde que Artur nasceu ele chorava muito.
Muito mesmo.
Desde cedo os sinais do autismo se manifestavam, mas como saber?
Esses dias me peguei pensando nisso.
Nas necessidades que Artur tinha e tem e no quanto foi muito bom eu rever todos os conceitos que muitas pessoas tem sobre a maternidade.
Se meu filho chorava que queria colo, eu pegava ele no colo e fazia de tudo para aconchegá-lo e acalmá-lo.
Sempre tem aquela pessoa que diz que o filho tem que se acostumar a viver longe dos pais, a se adaptar com a rotina da casa, mas como ensinar isso para um bebê?
Não, eu fiz o contrário: adaptei a casa ao bebê.
Atendia a todas as suas necessidades e quando dava, SE dava, fazia o resto.
Tentei ser uma boa mãe para minha filha nesse período, mas admito que foi difícil. Artur tinha muitas necessidades de contato.
Não me arrependo um único dia por ter passado 6 meses com meu filho no colo.
Sempre tentava pensar: A Licença é MATERNIDADE, então, vamos maternar!!
E enquanto pensava em tudo isso me veio uma pergunta em mente:
E se eu tivesse feito tudo diferente?
E se eu não tivesse feito tudo oque fiz?
Imaginam o tamanho do remorso que eu estaria hoje ao pensar que meu filho chorava no carrinho porque tinha dificuldades de assimilar situações novas e por isso sentia meu colo seguro?
Senti vontade de chorar. 
Senti tristeza em pensar em quem não pensa como eu.
Descobri que Artur era autista 1 ano e meio depois que ele nasceu.
Um ano e meio tentando 'acostumar' uma criança a dormir sozinha, não querer colo o tempo todo? Tantas coisas boas que eu fiz, senti e sem saber.
Hoje as necessidades são as mesmas.
5 anos depois e meu filho sente uma extrema necessidade de contato físico. É muito raro ele estar sozinho ou não buscar contato em alguém. Ele PRECISA disso. É como piscar, bocejar, ir ao banheiro, é uma necessidade física  para ele.
E quem não gosta de um amasso bem dados? Felizmente aqui em casa sempre tem gente disponível.
Nos deparamos em outras necessidades e dificuldades.
Hoje temos a dificuldade de comunicação, a dificuldade em lidar com as frustrações e admito, essa eu tenho até hoje. rsrsrs
Faz um tempinho que aprendi algumas coisas sobre EDUCAR. 
Uma delas foi que educação a gente dá aos nossos filhos EM CASA.
Na rua, em passeios, festas não é lugar de educar seu filho.
E se ele fizer  birra?
Oras, é hora de apenas atendê-lo, acalmá-lo e depois deixar claro que só foi dessa vez porque estavam fora de casa e Corrija EM CASA.
E eu não estou falando sobre elegância, estou falando sobre o correto.
Hoje fomos passear. Só Artur e eu. Andamos por algumas lojas e Artur sempre queria fazer algo que não dava.
Coisas do tipo ficar horas olhando um abajur cheio de luzes e animais em movimento. Deixei o quanto pude, mas depois de ver que estávamos bem na entrada da loja, optei por sair e ele fez aquele escândalo.
Ele gritou, chorou " cantando", deu aquele show.
Todo mundo me olhava, aquele olhar indagando, observando o que vou fazer.
Além do mais, ele NÃO FALA. Hoje fica mais claro que ele tem alguma 'diferença' para a idade.
Então, eu simplesmente parei na calçada, abracei, beijei, conversei, inventei outras coisas para fazer e as pessoas que até então olhavam para mim, seguiam suas vidas.
Por que???
Porque viam que a birra não me descontrola, não me assusta e muito menos me envergonha.
O Autismo fez essas transformações em minha vida.
Isso aconteceu pelo menos umas 3 vezes hoje.
Eu nunca, nunca perco o controle ou sinto vergonha pq todo mundo olha.
Aliás, para quem me olha feio, eu adotei uma tática:
Quanto mais a pessoa olha com o olhar inquisitor, mais eu faço questão de enfatizar a birra.
Eu sei, é maldade, mas pq eu vou ficar gastando meu latim com quem não está disposto a entender?
Hoje, enquanto Artur fazia uma de suas birras e eu notei que alguém olhava "torto" eu fiz o jogo da mãe 'frouxa', "bunda mole".
Falava para Artur: 
- Ownnnnnn meu amooooooor, não fica assim meu bebê. A mamãe faz o que você quer. É colinho? A mamãe dá!! O que você quer? 
E enchia ele de beijos e dengos, dando total apoio à birra. rsrs
Ficou divertido, foi sem querer , não aguentei rs e quem se consumiu com uma situação besta dessas??
Eu que ganhei um monte de beijos e sei compreender meu filhote ou a pessoa que se amargurou toda ao me condenar com um olhar desagradável me acusando como uma péssima mãe??
Brincadeiras à parte, estamos tentando ensinar e mostrar ao Artur que as birras não são consequências de suas necessidades não atendidas e sim seus caprichos de um menininho de 5 anos que sabe exatamente o que quer e está começando a manipular as situações para conseguir. E saber diferenciar isso vai ser muito saudável para todos nós, mas vai levar um tempão e vai dar um trabalho danado.

E no final de nosso passeio, Artur foi pra casa chorando porque fomos a uma loja comprar uma lousa e ele teve que ir embora da seção de???..............cadernos. Isso mesmo!!
Porque ele nem ligou para seção de brinquedos......



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A Inclusão existe, basta alguém querer e fazê-la acontecer!!



Essa semana eu tive 2 notícias maravilhosas a primeira é que ficamos muito felizes ao ver um Brasileiro alcançar o topo em sua luta. Nada mais merecido do que a conquista.
Ou melhor, poder mostrar para o mundo sua conquista diária.
Alexandre Lopes não é apenas um exemplo de professor, ele é um excelente exemplo de INCLUSÃO.
Muitos que adoram uma desculpinha bem da chata vão dizer que os EUA investem pesado na educação e tudo mais e eu concordo.
Mas isso não pode e nem deve e nem costuma desestimular quem realmente batalha pela educação. Antes de ter a minha luta pela inclusão, eu conheci professores maravilhosos que lutam e muito para educar com sabedoria TODOS os seus alunos.
Ver Alexandre Lopes ensinando crianças a serem cidadãos sem distinção me deixou muito feliz, me fez sonhar.
Essa semana também pedi uma reunião na escola que meu filho estuda.
Meu marido e eu estávamos APAVORADOS com tudo o que poderia acontecer.
Fruto de tantos traumas passados, mas que aprendemos que se não deixarmos ser tornar PASSADO não conseguiremos lutar pelo desenvolvimento de nosso filho.
Artur estuda nessa escola Municipal desde 2010.  Regularmente foi a partir de 2011 porque em 2010 tivemos muitos problemas com a alergia alimentar.
Lutamos por adaptação, lutamos por uma auxiliar, lutamos pela alimentação e tudo mais.
Em 2013 vimos o sucesso que tudo isso gerou.
Temos um filho totalmente inserido na escola, sem medo, sem traumas, que ouve a palavra ESCOLA e pula da cama. Uma auxiliar fofa demais que nos ajudou e muito tanto no desfralde quanto na independência com a alimentação.
Mas chegamos à conclusão de que era hora de mais.
Então era hora de ir à escola perguntar quais eram os planos dela para Artur. Queríamos saber sobre a parte pedagógica.
Nos vimos numa mesa redonda de verdade: Diretora, Coordenadora, Professora, Papai e eu, os dois últimos apavorados. A primeira coisa que a professora me disse é que se lembrava de mim e que foi professora de nossa filha mais velha na pré-escola também e realmente é verdade. 
Agradecemos tudo e fomos ao que realmente representava nosso desejo de estar lá: a questão pedagógica.
Admito que fomos preparados para o fracasso, para muitas coisas, menos para o que ouvimos.
A professora nos disse que tem feito cursos para aprender a ministrar atividades. Falou sobre PECs e tudo mais.
Fomos surpreendidos e ficamos maravilhados com o interesse.
Falamos muito sobre a realidade da inclusão em minha cidade e a diretora contou-me que na sala do Artur existe mais um autista e que ao todo na escola que tem até o 5º ano existem 10 autistas.
Foi muito bom.
Mencionei que Artur estava sem terapias e imediatamente a Diretora ligou para a Supervisão da Educação Inclusiva na Secretaria de Educação onde as coordenadoras me convidaram para uma conversa no mesmo dia na parte da tarde.
Saímos satisfeitíssimos com o interesse de nossa cidade pela Inclusão.
Mais tarde fiz minha visita à Supervisão da Educação Inclusiva e fiquei maravilhada.
Conversamos sobre o fracasso que eu julgo ter sido o dia 2 de abril, falamos sobre a escola do Artur, sobre nossas conquistas individuais e elas me contaram, muitas, muitas histórias lindas sobre a inclusão na minha cidade.
Falamos sobre a Lei, sobre a participação delas em debates, reuniões e tudo no que se refere a autismo e eu fiquei maravilhada com todo o carinho e cuidado que a inclusão tem sido tratada por aqui.
Ouvi a história de um autista que não se adaptou à escola regular e que quando isso ocorre, eles mantém uma sala especial para tentar melhoram a participação do aluno e que deu muito certo. O desenvolvimento do aluno melhorou em 200%.
Vi muito amor, comprometimento, estudo, trabalho, luta e vi que o ideal de Alexandre Lopes não está somente presente nos EUA, temos diversos Alexandre Lopes em nosso país e devemos prestigiá-los, acreditar neles, estimulá-los com nossa luta e gratidão também.
Também saí de lá com mais uma reunião marcada no Caps Infantil, mas como sei que está saturado e estou na fila de espera desde julho do ano passado, nem tenho tantas esperanças de conseguir.
Fiquei muito feliz em saber como a minha cidade engatinha para a inclusão e só rezo muito para que ela cresça a cada dia . 
Foi uma semana muito feliz.
E eu já não tenho mais medo da mandar meu filho para a escola e eu já não tenho mais medo de tudo e eu só sonho e desejo de que essa luta se estenda pelo país inteiro e que assim seja.

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O que importa?


Hoje aconteceu algo tão comum, tão rotineiro para todos nós, mas me deixou muito confusa.
Saí do trabalho e fui para o ponto de ônibus como sempre.
Lá tinha um senhor, próximo dos 50 anos, talvez.
Tinha uma sacola e esperava um ônibus também. Estava sujo, maltratado, grandes indícios de ser um morador de rua.
Quando um ônibus parou ele foi até o motorista e conversou algo com ele, não ouvi.
Tentei não olhar como todo mundo, mas nem deu.
Peguei meu livro, abri e tentei ler.
Ele voltou e o ônibus foi. Tinha um papel parecido com o um ticket na mão, mas diferente de todos os vales-transporte que conheço em minha cidade.
Notei ele sem jeito, começou a fazer comentários sobre a conversa com o motorista buscando ser ouvido por alguém, mas  todos foram lentamente caminhando para longe e eu estava bem ao lado de sua sacola.
Não consegui sair, sei lá porque. Não me senti intimidada. Continuei tentando ler meu livro empacado comigo há meses.
Mas, ele queria papo e então me chamou:
 - Senhora? 
Tentei disfarçar, mas não consigo, né? Olhei para ele:
- Senhora, tentei pegar o ônibus, mas esse ticket só vale R$ 1,20 aqui a condução é R$ 2,70. Pedi ao motorista para me ajudar, ele disse que não pode, tem câmeras nos ônibus, paciência, né? Ele tá trabalhando, eu não.
Concordei apenas com o olhar e ele continuou:
- Eu moro na rua, sabe como é. Não vou ter dinheiro mesmo.
E enquanto dizia isso, chorou. Sem manipulação, só notei a voz embargada e ele sem me olhar secando as lágrimas disfarçadamente. Consenti novamente com os olhos e ele parou de falar.
Nesse momento, minha mente que anda colossal, um tumulto na verdade, começou a funcionar mais ainda e como sempre, sei lá quem mora dentro de mim começou a me fazer mil perguntas:
Por que não ajudar?
Ah, porque ele está assim porque quer. As pessoas escolhem morar nas ruas.
Cada um é responsável pelo resultado de suas escolhas.
Ah, mas quem somos nós para falar das escolhas deles?
Ninguém.
Mas é final de mês, tô com pouca grana, po!!
Ah, me poupe Roberta, o que serão moedas para você?
Você trabalha, tem uma família, está triste, cansada, desanimada, mas vai chegar em casa ganhar beijos, carinhos, afagos, hoje é sexta-feira, vai ter reunião de família, lanche gostoso, conversa gostosa, risos...
Mas se eu der dinheiro, ele vai beber, usar drogas.
Roberta, você sabe, a sua parte termina com a doação, o que a pessoa que recebeu vai fazer com isso, é por conta dela.
Mas eu vou alimentar o vício e não estimular ele a mudar de vida?
Pessoas não mudam de vida por moedas.
Então, o que é certo afinal?????
Fazer o que seu coração sente que deve fazer. Pensar que julgar porque ele está ali, sem ninguém, sem dinheiro, sem comida, sem nada vai mudar sua vida? Nem a dele, pelo menos não hoje.

Depois dessa 3ª Guerra Mundial dentro de mim, peguei moedas em minha carteira e dei pra ele.
Ele chorou, me agradeceu alto querendo mostras às pessoas presentes que alguém o entende. Odiei ele por isso.
E ele chorando me disse:
- Não dá para pedir comida, fui num restaurante para pedir restos, o dono me escorraçou de lá ao chutes. As pessoas maltratam as outras sem saber o dia de amanhã. Ele não pode fazer isso comigo porque tem dinheiro, isso é hoje, amanhã, ele pode ser como eu. Ninguém sabe porque estou aqui e nem perguntou também. Obrigada!! Que sua família lhe receba muito bem, dona, você merece!!!

Pode parecer besteira, mas isso me deixou confusa, perdida e triste também.
Não é aquela hipocrisia de "me importo com a miséria humana e você não, mereço um troféu?"
Foi dor, a dor que sinto de ver pessoas tristes, de ver crianças apanhar, serem abusadas, estupradas, de ver gente doente, de entender e não aceitar que a vida é triste.
Ele não deve ter escolhido ser morador de rua, ele deve ter feito escolhas erradas para terminar assim.
Eu não escolhi ter a vida que eu tenho, os problemas que tenho, mas eu tenho.
Eu não escolhi ter um filho especial, me privar, me preocupar com tantas coisas, mas eu sempre espero e luto para que o mundo me entenda e para mim, deixar aquele senhor falando sozinho e sem dinheiro foi como estar chorando a minha dor no mundo e não ver ninguém se importar.
Não estou pobre, estou sem moedas, ele ficou com o nada dele e eu já não me pergunto mais porque dar ou não dar....

Amar não é sentir a dor do outro, amar é respeitar a dor do outro.


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O que o autismo fez com a minha vida.???


Primeiro eu não tinha nada.
Depois eu tinha um autista.
Fiquei sem nada de novo.
Mas deixando todo esse começo de lado, toda a luta que tivemos pela adaptação a nosso novo filho, eu quero falar dos meus erros.
Quero falar do meu medo e ver se eu consigo chorar.
Tá foda demais, sinto que vou explodir.
Enquanto percorro esses 4 anos do meu blog, comentários e mais comentários elogiam a minha luta.
Foram quatro anos para me adaptar a meu filho, para criar um mundo em nosso lar onde nosso filho se encaixasse e os outros membros da família não fossem excluídos.
4 anos e tivemos muito sucesso.
Perfeccionista como sou, aliás disse isso na última postagem, não poderia deixar de sofrer pelos erros que cometi.
Pausa para pensar nos traumas......
Antes do autismo, passei por momentos profissionais muito difíceis. Quem viveu comigo tá vivo até hoje para confirmar, não foi fácil.
Eu surtei, enlouqueci quando "me deixaram louca".
Essa frase resume tudo.
Um dia foi muito conveniente usar o transtorno bipolar à favor do mau-caratismo, não meu, claro.
Se eu 'ficasse doente' não iria atrapalhar e como se fosse a coisa mais simples do mundo, e creiam que foi, 'fiquei doente'.
Fiquei doente, era um risco ao trabalho, o meu trabalho fazia eu correr riscos e um blablabla do kct.
Ao mesmo tempo que em mil atestados eu era apedrejada com a palavra incapacitante, em momento algum a minha vida pessoal com relação a minha doença foi questionada pelos médicos que 'me tratavam'.
Ao mesmo tempo que eu estava enlouquecida, eu cuidava dos meus filhos, da minha casa, da minha vida como qualquer pessoa normal enlouquecida de ódio com tamanha injustiça.
Mas também deixando isso de lado, citei apenas para falar do medo que me impediu de fazer o que deveria fazer ou até mesmo usando como uma desculpa esfarrapada para justificar o que eu não fiz.
Eu não fiz.
Quando eu vi que meu filho era autista e quando eu vi do que um autista precisava e quando eu consegui o que ele precisava, eu me calei.
Por ser contestadora, por ser 'caruda' e aquela pessoa típica que tem a capacidade de ver a verdade e falar, tive minha vida profissional transformada nesse inferno que descrevi.
De repente, vi que a vida do meu filho em partes também eu também teria que ser e que diante das circunstâncias, ia esbarras nos mesmos lugares onde tropecei.
Tive medo e me calei.
Pensei e agi que era melhor ficar calada, sempre que abri a minha boca para falar sobre os necessitados, os necessitados eram donos de si e me perdi sozinha com as consequências de falar demais.
Coitadismos à parte, eu me calei diante do meu conforto.
Criei um blog e falei das dificuldades que enfrentávamos e enfrentamos.
Deixei minha alma falar.
Pensei, repensei e repenso sempre tudo o que digo aqui para não afetar ninguém.
E assuntos que poderiam afetar, calei, em respeito às mães que iniciam sua luta ou às mães que como eu, mascaram sua dor com paliativos (remédios, profissão, casamento, etc.).
Fiquei bastante ocupada, é fato.
E por 4 anos tudo isso me preencheu.
Desde que me deparei com meu filho no Espectro Autista, suas necessidades e as condições do país e principalmente da minha cidade, eu soube o que tinha que fazer.
Sabe o que eu fiz?
Dei as costas.
Tive medo.
Não tenho vergonha de dizer que tive medo.
Não me sentia e nem me sinto pronta para o que é preciso fazer.
Mas quanto mais o tempo passava, quanto mais as coisas aconteciam e quanto mais eu via a maturidade que adquiri nesses anos eu sabia que eu tinha que fazer o que deve ser feito.
Então eu estava num mundo perfeito, protegida com meu campo de força perfeito e do nada tudo desabou.
Quer dizer, do nada não, não sou cega, nem tonta, sabia que o fim estava próximo.
Sabia que meus objetivos com meu filho não estavam sendo alcançados, mas ao olhar em volta, deparei-me com o NADA.
E o NADA assusta.
Assusta a mim, você, todos nós que temos capacidade de escolha, de lutar por nossos objetivos, mas olhar para nosso filho indefeso e se deparar com o NADA é dilacerante, admito.
Tem 1 mês que não repouso, durmo, chamem do que quiser.
Raras são as noites que consigo dormir 6 horas sem acordar nenhuma vez.
Tenho tudo em mente o que é preciso fazer.
Mas não sei como fazer.
Não estou com pressa, mas o tempo urge e urra na minha mente como se cada minuto perdido fosse a esperança de meu filho jogada fora.
Me culpo todos os dias por ter deixado de fazer o que era preciso.
Eu odeio ficar me remoendo, acho imaturo demais. Errou, errou, sabe?
Limpa a porcaria que restou e começa por onde dá, fazendo o possível e quando vir, estará tudo engrenando novamente.
Mas quando é com nosso filho parece q dói mais.
Claro que eu tenho maturidade suficiente para entender que esse tempo foi o tempo que eu precisei para AMADURECER.
Hoje eu já não sou mais aquela menina contestadora.
Me tornei uma mulher que entendeu que sim, alguém que tem capacidade de observar coisas erradas é alguém inteligente.
É muito importante você ser uma pessoa observadora e formadora de opiniões, contestar coisas que julga erradas, mas aprendi hoje que se você não tiver argumentos maduros para projetar suas ideias no mundo você não é ninguém.
Torna-se tão ignorante quanto aquele que tapa os olhos com a peneira e não quer ver.
Não basta apenas ter a capacidade de ver o negativo a sua frente.
A maturidade está no que você vai fazer com o negativo.
Que caminho ele irá tomar?
Que proporção o negativo terá para interferir na sua vida?
O negativo lhe transformará numa pessoa negativa?
Não, não basta olhar as coisas erradas do mundo e falar, gritar, reclamar.
De nada serviram as denúncias sem uma apuração precisa, real e justa dos fatos.
Então precisei de 4 anos para amadurecer meu senso crítico.
Entendi que vou precisar correr atrás, criar oportunidades.
Infelizmente não tenho tempo e nem consigo fazer tudo sozinha, precisarei de pessoas e fica outro medo: lidar com 'gente'.
Gente é um bicho esquisito.
E além de lidar com gente, terei que lidar com gente que tem dificuldades, gente que tem suas dores particulares e também terei que enfrentar um medo tremendo que tenho: confiar em gente.
Crer que essa gente vai ter o mesmo ideal que o meu, me preencher de informação consistente, conseguir atravessar muralhas e lutar pelos direitos do meu filho.
Estou engatinhando.
Esses 33 dias me parecem suficientes para me mostrar que eu não vou conseguir outra alternativa.
Tenho sonhos, sonhos grandes, mas também tenho medo.
Medo porque bipolares sonham demais, né?
Medo porque até tenho os pés no chão, mas a cabeça, ahhh a cabeça ....sempre foi nas nuvens......

Sinto que preciso seguir em frente, mas não me sinto segura.
Orem por nós.
Meus propósitos são dignos e baseados no bem comum.....obrigada.


"Tentar te privar da dor, é quase tentar te privar do amadurecimento."
Pedro Medeiros



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