Um ano depois....


É nesse final de semana q completa um ano.
Um ano que Deus resolveu colocar um luz bem forte no meu rosto, luz esta q me impediu um pouco de enxergar as coisas com clareza, luz q doeu, luz q tirou pedaços de mim, luz q apesar de sua intensidade incômoda, fez com que, assim como na 'passagem' para a morte, q eu a seguisse, q eu a enfrentasse e encontrasse o lugar onde estou hj.
Hj faz um ano em que minhas dúvidas foram esclarecidas. Pelo menos aquelas q diziam que havia alguma coisa de errado com meu filho. Um ano q eu tive a certeza dentro do meu coração que eu tinha um filho autista.
É tão complicado reviver certas coisas.
Desde aquele dia, minha vida nunca mais foi a mesma, a busca por respostas, a busca por entender, uma busca sem fim pelo conhecimento q poucos tem.
Lamentavelmente, em sua maioria, incluindo eu, somente buscando qdo se depara com essa realidade para si mesmo.
Hj faz um ano q eu me transformei, me transformei numa mãe de verdade, numa mãe q ama seu filho, uma mãe q escolheu deixar toda a sua vida de lado, q casou-se com a resignação para buscar qualidade de vida para seu filho.
Hj eu deixei todos os meus sonhos para traz.
Aos poucos me vejo tecendo outros, mais lindos, mais consistentes, mais eu mesma.
Hj eu me tornei uma mãe especial, uma mãe q entende o q realmente é se doar, uma doação acima do normal, uma doação especial.
Uma mãe q vai viver pelo seu filho, para ensiná-lo a ser independente, mas q sabe q vai demorar mais do q os outros filhos.
Sabe, tantos anos de minha vida a minha vida foi só minha. Eu não a dividia com ninguém, só momentos, só o q interessasse para mim até mesmo com meu marido, minha filha.
A minha vida sempre esteve na palma da minha mão e eu sempre dei um jeito de enxotá-la de mim.
Todas as vezes q a minha vida dependeu apenas de mim mesma, todas as vezes que a minha vida pediu algo de mim, eu simplesmente me enchi de coragem e dei as costas a ela.
Sempre me machuquei, sempre fiz escolhas erradas pq eu nunca me permitir não escolher.
Por mais q a minha escolha fosse a pior q fosse, eu a escolhia somente para manter o controle ou achar q eu tinha o controle sobre ela.
Hj, um ano depois, vejo q eu sou um NADA.
Não um nada inexistente, não um nada vazio.
Eu sei q hj eu sou um nada nas minhas escolhas, hj eu não dependo mais delas. Eu tenho tentando me dar uma chance, eu tenho me dado o direito de sentar, colocar a mão no rosto e me desesperar.
Não por ter feito uma escolha errada, mas por simplesmente me dar o direito de pensar q eu não sei q escolha fazer.
O começo foi muito difícil, enquanto meu corpo estava quente, enquanto eu tinha sede pelas respostas, eu corri, eu lutei, foram meses esperando consultas, meses acordando de madrugada, meses esperando q algum médico fosse confirmar a certeza que eu já tinha dentro de mim.
O que mais me intriga nisso tudo é que eu NUNCA, NUNCA MESMO levei meu filho a um médico acreditando q ele fosse olhar para mim e dizer: Mãe, seu filho NÃO é autista.
Muitas noites me senti pessimista por isso, sem esperanças, até algumas vezes senti uma coisa tão ruim q os meus julgamentos internos fizeram eu acreditar q pareciam desejosos, mas não era isso.
Eu simplesmente tinha certeza e pronto.
Apesar da dor q eu senti, da dor q eu ainda sinto às vezes, acho q a melhor coisa q eu fiz desde então, foi zerar minha vida.
Um belo dia eu vim aqui nesse blog e disse: De hj em diante minha vida está no stand by.
E assim eu fiz.
Fiz uma faxina interna dentro de mim, como mãe, esposa, profissional, como mulher.
Matei todas elas. Uma a uma. E eu podia sentir no começo cada golpe q eu dava em mim mesma e eles doíam, doíam como nunca nenhum corte q já fiz em minha pele já doeu.
Eu fui brusca, ríspida comigo mesma, mas eu precisava ser assim, não sei funcionar diferente.
Matei a mãe, matei a esposa, matei a profissional e matei aquele farrapo de mulher q eu havia me transformado após anos de depressão. Matei tbm todos os sonhos de todas elas.
O luto da mãe foi o mais doloroso. Além de matar a mãe tive q matar um filho dentro de mim e foi como ter feito um aborto. Eu queria aquele filho, eu desejei aquele filho, mas as circunstâncias me impediram mais uma vez de tê-lo.
Decidi q essa mãe não deveria mais existir, mas não nego q chorei noites a fio, como qdo adolescente pedindo a Deus meu filho de volta.
Senti-me crescer a cada dia, centímetro por centímetro, dor a dor, sorriso a sorriso.
Mas Deus é tão perfeito q dessa vez, tirou um filho de mim e mostrou-me q eu ainda poderia ser mãe, deu-me o seu melhor conteúdo e o melhor presente q eu poderia ter.
Ele me deu um filho especial, um filho q a princípio sim me assustou bastante, mas q eu sempre me senti pronta para cuidar.
Eu sempre odiei diferenças, sempre gostei de pessoas especiais, sempre enxerguei o amor acima de tudo, era como se há muito tempo eu já sentisse q esse dia iria chegar e algumas muitas vezes tivesse fugido dele.
Deus mostrou-me o verdadeiro significado do amor.
Fico IMPRESSIONADA no milagre em q a minha vida se transformou.
Eu era um depósito de amarguras, de aflições e hj eu sou um recipiente de amor.
Eu sou doce, dentro das minhas limitações, claro, mas eu hj só tenho amor dentro de mim e qualquer outro sentimento q me ronde, é escorraçado com o sorriso do meu filho.
Eu tenho muito, muito orgulho de mim. De verdade, pq eu não deixei q nada de ruim me deixasse ruim.
Eu sofri tudo, com intensidade é verdade, mas eu nunca deixei de melhorar por nada de ruim q me aconteceu.
E, como já era previsto, um ano depois, venho aqui dizer q eu nunca fui tão feliz em toda a minha vida.
Que eu nunca ia querer uma outra vida, um outro filho q não fosse como é o Artur.
Pq o Artur é o filho q eu precisava, o Artur é a vida q eu precisava, o Artur é quem veio ao mundo para aprender comigo e me ensinar o verdadeiro significado do amor..... e eu amo meu filho, amo minha família e me amo demais pq tudo isso q eu vivi, q tenho vivido, pq só me fez bem, até mesmo quando me fez tão mal.
Obrigada meu Deus! Por eu ter me transformado numa pessoa boa, por eu ter conseguido ultrapassar tantas barreiras e por estar vencendo, dia a dia, a verdadeira guerra q eu transformei minha vida, quando eu simplesmente só precisava viver e não quis. Obrigada por eu estar deixando esses dogmas para trás e por eu ser assim, do jeitinho q eu sou.

Louca, inconsequente, irresponsável, mas apaixonada......
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