Pequenas coisas, grandes mudanças


Acreditar no amanhã, no progresso, na vida, na felicidade, viver é isso.

Quando criei meu blog sobre a maternidade, não imaginava que tinha um filho autista, a proposta do blog era mostrar aos meus filhos quando eles crescessem tudo o que vivi como mãe deles.
As coisas na minha vida tomaram outro rumo, esbarrei em tantas coisas e hoje eu continuo a mãe que queria, aliás, ultrapassei minhas expectativas, ainda cheia de inseguranças como todas as outras mães, arrisco a dizer que hoje eu sou a mãe que sempre sonhei em ser.
Minha vida mudou e a proposta dela tbm, imensamente.
Mas porque mais um blog que fala sobre autismo??
Bem, essa não é a minha proposta, mudei a proposta do blog pela dificuldade de encontrar mães que topassem e pudessem dividir nossas dificuldades. Quando o autismo bateu à minha porta, procurei desesperadamente por informações, mas sempre onde ia eram sempre as mesmas coisas: mães desesperadas como eu, mães despreparadas como eu, algumas outras afundadas na sua dor, outras sem tempo mesmo. Aprendi a respeitar todas elas a seu modo com o passar do tempo.
Como eu sou boca aberta, o blog tá aqui.
Artur e sua paixão: livros e revistas

Mas não é disso que eu quero falar.
Eu quero falar de como coisas simples e aparentemente tolas podem mudar nossas vidas.
Muitas vezes nos reservamos em nossa dor, em nossos afazeres e não temos a oportunidade de DIVIDIR, em vários momentos dividir, ou melhor dizendo, somar, ou na mais perfeita expressão: COMPARTILHAR.
Esses dias li na internet dicas de como estimular nossos filhos a ser independentes.
Uma das dicas falava sobre ensinar nossos filhos a se vestirem sozinhos.
Gente, quando li aquilo fiquei imaginando que Artur demoraria séculos para atingir aquele estágio.
Quando digo que sou uma mãe que zerou expectativas, creio que algumas vezes esteja enganada. Aquela informação ficou em minha mente por mais de um dia e à noite, na hora de vestir Artur, fiz o teste.
Segui a dica e fiquei muito surpresa com o resultado, foi impressionante.
Como ele já nos ajuda colocando os braços nas mangas da camisa, eu só não abaixei ela depois que vesti. deixei na metade da barriga e para a minha surpresa, ele baixou a camisa e arrumou (lindo), fiquei tão emocionada, meus olhos se encheram de lágrimas e continuei. Cada dia eu tento uma parte, ontem foi a calça, eu o deixei em pé e coloquei a calça até a metade das coxas, para minha surpresa, desajeitadamente, Artur subiu sua calça. Nós fizemos a maior festa, aplaudimos e ele ficou todo feliz. Como  deu tão certo, resolvi arriscar, mas sabia que poderia não dar certo. Hoje eu fiz com as meias coloquei sem jeito até uma parte do calcanhar, não encaixou, mas tbm ficou simples, era só puxar e para a minha surpresa ele ajeitou as meias, fiquei tão feliz, tão emocionada e a primeira coisa que pensei foi nessa pessoa de coração nobre que optou em compartilhar isso comigo, com todos.
Agradeci a Deus por ter acesso tbm.
E é assim, vamos dividindo, compartilhando, amando e lutando. Porque eu realmente acredito que quando eu luto por mim, indiretamente estou lutando por você.
Artur no restaurante almoçando, quem poderia acreditar que ele faria isso?



Peço que orem por uma amiga querida, ela está passando pelos momentos mais difíceis do autismo: a dúvida.
Esperar por um diagnóstico para arregaçar as mangas e lutar é algo torturador. Vamos rezar para que ela tenha a mesma sorte que eu ou não rsrs.
Que se o autismo for bater à sua porta, que entre o mais breve possível em suas vidas e que ela possa provar todas as dádivas que ele traz, porque sim, existem muito mais dádivas do que dor.

Beijos a todos!!!
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Mais presente


Na semana passada, eu falei aqui sobre estar mais presente na inclusão do Artur na escola. Ah, inclusão para quem não sabe, é uma palavra muito usada por aí, tem um significado lindo nas leis, mas na realidade não é bem assim, às vezes chego a duvidar de sua existência.
Bem, eu fui autorizada a entrar na escola do Artur durante o horário da última refeição para ver ser conseguiríamos resolver o problema dele não querer comer.
Admito que num primeiro momento eu disse para meu marido: Não quero ir!!
Um medo toma conta de mim quando penso na escola, quando me vejo questionando a escola. Eu tenho medo, medo de sofrer, medo de ver o que não gosto, medo de ter q ir até as últimas consequencias para resolver meus problemas lá. Porque se for preciso, assim farei.
Depois, pensei com calma, escrevi aqui sobre eu nunca ter facilitado muito as coisas sobre a inclusão do meu filho com a escola, de eu ter jogado tudo no colo das professoras, coordenadoras e diretoras dando liberdade total para elas agirem como prefererem.
Fui para a escola com o coração na boca, cheguei cedo porque fui de carona, passei uma meia hora do lado de fora da escola, mãos suadas, cólicas de nervoso, tive medo de ter dor de barriga e ter que sair correndo.
Finalmente deu 15H10, toquei a campainha e esperei alguém, me levaram ao refeitório e eu fiquei esperando Artur.
De repente,  o vi entrando, de mãos dadas com a auxiliar, quando ele me viu, saiu correndo abriu os braços, pulou no meu colo, eu me abaixei, ele me puxou para perto, encostou seu narizinho no meu e ficou me olhando, um sorriso delicioso nos lábios. Um momento que durou segundos e ficará guardado comigo pela eternidade. Ali, naquele ambiente estranho, triste para mim, onde meu filho não era meu, meu filho não é meu Artur, ele era meu, ele escolheu a mim.
Eu fiquei toda inflada de orgulho, com aquela cara: Viu?? Ele é meu bebê, ele sabe quem eu sou, ele não é um saco de batatas que não sabe escolher as pessoas que gosta, aqui é assim porque ele não tem escolha. 
Conversei muito com Artur, taí outro momento breve que nunca esquecerei.
Estava tudo bem, até que ele viu o prato de sopa. Digo que o aspecto da sopa não era o mais agradável, tentei de todas as formas dar um pouco para ele provar, inclusiva na marra, já que ele adora aprontar dessas conosco. Nós damos a primeira colherada na marra, ele sente o sabor da comida e como todo o restante sem problemas rs rs.
Mas não houve jeito, ele cuspiu tudo, me sujou toda, acabei provando da sopa sem querer e apesar do aspecto ruim, era gostosa.  Ele não quis, concluí que ele não gosta da sopa e pronto.
Ganhei muitos mais beijos quando levei o prato para longe, abraços aos montes e notei que era hora de ir embora.
Me despedi com o coração em pedaços, ainda era cedo para a saída, eu precisava ir. 
Vê-lo andando, olhando para trás, com aquele olhar de mãe vem comigo foi desolador, aqueles pequenos passos em direção à sala de aula, a distância aumentando e ele virando ainda mais seu corpinho para me olhar foi uma despedida dolorosa. Ele não era mais meu, eu tinha que bloquear meus pensamentos sobre o que ia acontecer lá, a auxiliar disse que ele iria tomar um banho porque estava sujo das brincadeiras no parque. 
Restava eu também me virar e ir embora.
Fui para a sala da diretora resolver como faríamos e ficou acertado que na hora do jantar, ele tomará um leite, afastado das outras crianças para que elas não queiram leite também.
Falei que tudo bem a forma que fariam, desde que meu filho não fiquesse muito tempo sem comer.
Saí de lá, mais calma, mas tenho certeza de que NUNCA, JAMAIS, em momento algum ficarei tranquila de deixar meu filho lá e dar as costas.
Isso me dói, me mata, isso me enjoa, isso me destrói.
Todos os dias eu rogo a Deus para que cuidem bem do meu filho.
O que me deixa realmente mais tranquila é o fato de que Artur hoje sabe o que lhe é bom e mal, ele faz escolhas e se a escola não fosse boa para ele, hoje eu tenho certeza de que ele não ia querer ir.
É o que me consola.
E vamos crescendo, porque é isso que a vida quer de nós, não é?

Beijos e até nossa próxima viagem

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