Me corrigindo:





Se tem uma coisa que eu detesto na minha vida é falar do que não sei, quer dizer, uma não, duas: falar do que não sei e ter uma opinião sem ouvir os dois lados da questão.
Quem me conhece sabe que sou perfeccionista e que odeio estar errada, mas ao longo de minha vida aprendi que para não estar errado você tem que correr atrás do certo de maneira inteligente e sempre pensando no bem comum.
Pode parecer uma redundância, mas não é não.
Vejo pessoas dizendo tantas verdades por aí, mas quando procuro olhar os dois lados da questão o que vejo é alguém escrevendo algo assim: Ah, eu sei pq sou Advogado, eu sei pq sou Psiquiatra (exemplos). Mas onde isso é uma justificativa?
E porque eu, que não sou nada não posso ter uma opinião e porque ela não pode ser levada em consideração em nada? Só porque é contrária à sua??
Todos os dias aqui no facebook chovem postagens no meu feed de notícias de que os autistas são diferentes, de que temos que respeitar suas individualidades e todas essas verdades que quem convive sabe que são reais.
Se é assim, como vamos conseguir UMA LEI que beneficie todos os autistas se eles são todos diferentes???
Não vai ter como!! Infelizmente, lamento informar, mas não vai rolar.
O que eu entendo sobre a leitura do parágrafo único do Artigo 7º sem o veto é que com ele, os gestores escolares terão uma justificativa para nos negar uma vaga.
Sim, tenho histórias horríveis sobre a 'inclusão'. 
Carrego dores e traumas até hoje.
Mas eu não podia desistir. No caso do meu filho, a socialização tem sido importante para seu desenvolvimento. Foi na escola que ele aprendeu a comer sozinho e foi ela que me ajudou no desfralde também e mais, onde moro não tem uma escola especial e a que tem não o aceita por ele ser de outra cidade.
Deixando minha experiência pessoal de lado, quero falar sobre como muitas, não, não estou falando de uma, mas muitas pessoas veem a minha posição a respeito disso: uma mãe Neurótica, desocupada que ao invés de ficar com o filho e lutar pelo que é melhor para ele, fica de picuinha na internet.
Não, não li isso em um lugar, li em muitos, várias pessoas escrevendo isso. E por ser uma pessoa que olha todos os lados da questão, não me encaixei nesse comportamento.
E quero deixar claro: ESSAS PESSOAS TAMBÉM NÃO ME REPRESENTAM .
Quando me manifestei a respeito do veto do parágrafo do Artigo 7º eu fiz por ter a minha opinião e sim, ela foi criada a partir de informações.
Informações que eu busquei lendo, estudando e baseada também na minha vivência, na minha experiência decidi que não é viável para nenhum autista qualquer outra pessoa que não o responsáveis por ela terem essa autonomia de dizer que meu filho não tem condições de frequentar uma escola sem sequer ao menos conhecê-lo.
Afinal, você, eu, sabemos que os autistas não são iguais.
Eu não sou contra escola especial e o Artigo com o veto não deixa margem para que se acabe com as escolas especiais.
Aliás, onde estão as escolas especiais?
Para mim, são meio que caviar, sabe?
Nunca vi, nem comi, eu só ouço falar.
Gente, não sou novata no mundo dos deficientes intelectuais.
Não mesmo, tenho um irmão 2 anos mais novo que eu que tem atraso no desenvolvimento e digo, não sou uma iludida ou uma lunática que foge da realidade brigando e batendo boca pela internet não.
Eu senti desde criança na pele o que a falta de vontade na inclusão faz com o ser humano.
Tenho sim um irmão alfabetizado, mas ele não concluiu os estudos e nunca mais quis ouvir falar de escola há muito tempo.
E ele foi alfabetizado porque?? Porque alguém aceitou o desafio e pelo esforço dele e da minha mãe. Acho lindo, mas já passou da hora disso acabar. De dependermos da boa vontade dos outros.
Há quase 30 anos não existiam leis protegendo nenhum deficiente praticamente e como vocês acham que essas pessoas aprenderam a fazer isso??
Por acaso foi ficando em casa que os deficientes físicos conseguiram rampas, nem que ainda sejam apenas em locais públicos ficando em casa se lamentando??
Não, aquele que tem o dom de lutar, aquele que ao invés de ficar olhando o seu próprio umbigo e tendo pena de si mesmo "CORREU" atrás de seus direitos e procurou ajuda de pessoas interessadas e que poderiam lhe ajudar, conseguiu.
Não foi criticando quem lutava por direitos que os deficientes auditivos conseguiram aulas de libras e muito menos por isso que cegos tem aulas em braile.
Não gente, essa lei não é muita coisa, mas é o que temos para nosso começo.
Lembro-me de ter falado sobre esse COMEÇO aqui no dia em que ela foi aprovada.
Que Mara Gabrilli nos ajudou e muito no quanto pode sobre a Lei 12.764 é inegável, que Berenice Piana também, muito mais, mas não é porque elas fizeram e fazem muitos pelos autistas que eu tenho que assinar embaixo de tudo o que elas fazem.
Não gente, isso não é gratidão. Não mesmo.
Eu serei eternamente grata a elas e a Deus por tê-las feito assim, forte, por elas terem meios de ajudar e lutar pelo direito dos autistas.
Infelizmente eu não me vejo tão forte assim, para andar o Brasil e lutar junto com elas, mas também não acho que ficar trancada em casa e cuidando da minha vida porque meu filho tem tratamento.
Admito, já fiz isso.
Há 2 anos eu fiquei calada. 
Achava que não valeria a pena correr atrás e lutar pelas coisas.
Mas sabe o que aconteceu?
Um dia acabou!!! Meu filho teve alta, o tratamento que davam não era o adequado e fim.
Fiquei sem nada.
Se eu tivesse feito as coisas diferentes, elas poderiam ser diferentes, eu sei.
Sei do que sou capaz de fazer pelo meu filho, sei que se eu estudar, correr atrás, com a minha personalidade posso conseguir muitas coisas e não só para ele, porque eu não tenho coragem de sair da minha casa e lutar apenas por um direito apenas dele.
Quando eu saio da minha casa para buscar algo para meu filho eu , a Roberta, saio pensando no seu filho também, de verdade.
Quando eu fui na secretaria de educação denunciar o que a coordenadora da outra escola fez com meu filho, eu disse que não queria nada, nem processo, nem indenização, meu desejo era apenas uma escola decente para meu filho estudar e que a Secretaria de Educação me garantisse que nunca mais mãe alguma teria que passar pelo que passei.
Quando eu digo que quero que o veto permaneça, eu penso no seu filho também.
Se você não tem tempo nem interesse de se preocupar com o meu, não tem problema, agora por favor, não me critique porque estou querendo lutar pelos direitos do meu filho, afinal, se eu conseguir, servirá para seu filho também.
Não tenho interesse em prejudicar ninguém.
E nem me desfazer de quem lutou tanto pelo direito do meu filho.
Mas a partir do momento que eu vejo a possibilidade da atitude de outras pessoas interferirem na qualidade de vida do meu filho, eu vou deixar de apoiá-la e não deixarei de buscar o que acredito porque ela acredita em outras coisas. E se você quiser fazer o mesmo, eu respeito e muito, mas não me critique porque penso diferente de você, tenha orgulho, afinal, nos damos o direito de pensar.
A nossa luta só está começando, precisamos e precisaremos de muitas "Maras  Gabrillis" ao longo de nossa caminhada, mas digo de todo meu coração, só andarei ao lado "delas" quando eu achar que isso irá beneficiar nossos filhos.
Como eu posso demonstrar minha gratidão a ela?
Mara Gabrilli precisará de meu voto para se reeleger, ela lutou pelos direitos de meu filho, ela me representou muito bem enquanto eu acreditei que ela poderia defender nossos interesse, mas nesse caso, apenas nessa questão de querer derrubar o veto do parágrafo, ela não representa o meu desejo que é ver o bem estar do filho de um monte de pais e filhos também.
Meu filho ama a escola, meu filho cresceu bem na escola e sofreu muito quando foi rejeitado e eu gostaria muito que a Lei 2.764 tivesse já sido aprovada na época em que isso aconteceu para que a pessoa que me humilhou e judiou meu filho fosse punida com as sanções que a lei prevê.
Mas eu sempre acreditei na inclusão, acreditei desde quando eu era criança e protegi meu irmão quando ele apanhava ou fazia aviãozinhos com o dever da sala e jogava num tanque escondido no canto da escola.
E eu vou batalhar pela inclusão na minha cidade o quanto eu puder. Nem que para isso eu precise me enfiar dentro dela.
Não, eu não sou histérica, eu não sou barraqueira, eu sou uma formadora de opinião, alguém que só retrocede quando vê que está errada.
E eu errei, vou me corrigir.

"MARA GABRILLI QUANDO LUTA PELA 'DERRUBADA' DO VETO DO PARÁGRAFO ÚNICO DO ARTIGO 7º E QUALQUER PESSOA QUE NÃO VEJA O BEM ESTAR DOS AUTISTAS DE UM MODO GERAL SEM DEIXAR SEUS PRÓPRIOS INTERESSES PESSOAIS DE LADO, NÃO ME REPRESENTA."

Não briguei com ninguém sobre esse assunto, não ofendi ninguém, mas me magoei muito ao ler em diversos lugares pessoas sem argumentos concretos falarem que porque eu quero que a escola aprenda a aceitar meu filho estou sendo egoísta e pensando na minha vontade apenas.
Porque se mesmo com leis as coisas nesse país funcionam muito mal, imagina dependendo da boa vontade dos seres humanos que existem nele?

Ninguém usava capacete a andar de moto, mesmo sabendo o risco que corria, a partir do momento que virou lei, que se tornou uma obrigação e doeu no bolso de quem desrespeitou, todo mundo se virou e se adaptou a isso e é assim com tudo: imposto de renda, que é obrigado, mas pagamos. E tantas outras coisas.

E assim encerremo-me corrigindo  minha falha e fazendo um pedido: Sejam generalizadores quando preciso e tenham um pensamento mais individual também quando preciso.
Sensatez nunca é demais!!!

Eu recomendo, faz bem!!
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