E eu fiquei assim


Já falei diversas vezes aqui como eu lido com as birras do meu filho.
Antes de ser autista, ele é uma criança.
Eu ainda me lembro de quando eu fazia birra.
Ser atendida era delicioso e confortante.
Não ser atendida e ainda levar uns tapas, nada interessante.
Muitos anos em minha vida não desenvolvi nenhum método em como lidar com isso.
Laura sempre foi uma menina compreensiva. Aliás, não me lembro de ter conhecido uma pessoa tão compreensiva quanto ela. Tem horas que eu cobro uma reação da parte dela.
Nunca tivemos uma crise de choro e birras na rua.
Muita sorte e muito amor também porque sempre fiz questão de ensinar como se comportar. Quando íamos a uma mercado e ela pedia algo que não dava, eu combinava uma data e cumpria sempre.
Desde que Artur nasceu ele chorava muito.
Muito mesmo.
Desde cedo os sinais do autismo se manifestavam, mas como saber?
Esses dias me peguei pensando nisso.
Nas necessidades que Artur tinha e tem e no quanto foi muito bom eu rever todos os conceitos que muitas pessoas tem sobre a maternidade.
Se meu filho chorava que queria colo, eu pegava ele no colo e fazia de tudo para aconchegá-lo e acalmá-lo.
Sempre tem aquela pessoa que diz que o filho tem que se acostumar a viver longe dos pais, a se adaptar com a rotina da casa, mas como ensinar isso para um bebê?
Não, eu fiz o contrário: adaptei a casa ao bebê.
Atendia a todas as suas necessidades e quando dava, SE dava, fazia o resto.
Tentei ser uma boa mãe para minha filha nesse período, mas admito que foi difícil. Artur tinha muitas necessidades de contato.
Não me arrependo um único dia por ter passado 6 meses com meu filho no colo.
Sempre tentava pensar: A Licença é MATERNIDADE, então, vamos maternar!!
E enquanto pensava em tudo isso me veio uma pergunta em mente:
E se eu tivesse feito tudo diferente?
E se eu não tivesse feito tudo oque fiz?
Imaginam o tamanho do remorso que eu estaria hoje ao pensar que meu filho chorava no carrinho porque tinha dificuldades de assimilar situações novas e por isso sentia meu colo seguro?
Senti vontade de chorar. 
Senti tristeza em pensar em quem não pensa como eu.
Descobri que Artur era autista 1 ano e meio depois que ele nasceu.
Um ano e meio tentando 'acostumar' uma criança a dormir sozinha, não querer colo o tempo todo? Tantas coisas boas que eu fiz, senti e sem saber.
Hoje as necessidades são as mesmas.
5 anos depois e meu filho sente uma extrema necessidade de contato físico. É muito raro ele estar sozinho ou não buscar contato em alguém. Ele PRECISA disso. É como piscar, bocejar, ir ao banheiro, é uma necessidade física  para ele.
E quem não gosta de um amasso bem dados? Felizmente aqui em casa sempre tem gente disponível.
Nos deparamos em outras necessidades e dificuldades.
Hoje temos a dificuldade de comunicação, a dificuldade em lidar com as frustrações e admito, essa eu tenho até hoje. rsrsrs
Faz um tempinho que aprendi algumas coisas sobre EDUCAR. 
Uma delas foi que educação a gente dá aos nossos filhos EM CASA.
Na rua, em passeios, festas não é lugar de educar seu filho.
E se ele fizer  birra?
Oras, é hora de apenas atendê-lo, acalmá-lo e depois deixar claro que só foi dessa vez porque estavam fora de casa e Corrija EM CASA.
E eu não estou falando sobre elegância, estou falando sobre o correto.
Hoje fomos passear. Só Artur e eu. Andamos por algumas lojas e Artur sempre queria fazer algo que não dava.
Coisas do tipo ficar horas olhando um abajur cheio de luzes e animais em movimento. Deixei o quanto pude, mas depois de ver que estávamos bem na entrada da loja, optei por sair e ele fez aquele escândalo.
Ele gritou, chorou " cantando", deu aquele show.
Todo mundo me olhava, aquele olhar indagando, observando o que vou fazer.
Além do mais, ele NÃO FALA. Hoje fica mais claro que ele tem alguma 'diferença' para a idade.
Então, eu simplesmente parei na calçada, abracei, beijei, conversei, inventei outras coisas para fazer e as pessoas que até então olhavam para mim, seguiam suas vidas.
Por que???
Porque viam que a birra não me descontrola, não me assusta e muito menos me envergonha.
O Autismo fez essas transformações em minha vida.
Isso aconteceu pelo menos umas 3 vezes hoje.
Eu nunca, nunca perco o controle ou sinto vergonha pq todo mundo olha.
Aliás, para quem me olha feio, eu adotei uma tática:
Quanto mais a pessoa olha com o olhar inquisitor, mais eu faço questão de enfatizar a birra.
Eu sei, é maldade, mas pq eu vou ficar gastando meu latim com quem não está disposto a entender?
Hoje, enquanto Artur fazia uma de suas birras e eu notei que alguém olhava "torto" eu fiz o jogo da mãe 'frouxa', "bunda mole".
Falava para Artur: 
- Ownnnnnn meu amooooooor, não fica assim meu bebê. A mamãe faz o que você quer. É colinho? A mamãe dá!! O que você quer? 
E enchia ele de beijos e dengos, dando total apoio à birra. rsrs
Ficou divertido, foi sem querer , não aguentei rs e quem se consumiu com uma situação besta dessas??
Eu que ganhei um monte de beijos e sei compreender meu filhote ou a pessoa que se amargurou toda ao me condenar com um olhar desagradável me acusando como uma péssima mãe??
Brincadeiras à parte, estamos tentando ensinar e mostrar ao Artur que as birras não são consequências de suas necessidades não atendidas e sim seus caprichos de um menininho de 5 anos que sabe exatamente o que quer e está começando a manipular as situações para conseguir. E saber diferenciar isso vai ser muito saudável para todos nós, mas vai levar um tempão e vai dar um trabalho danado.

E no final de nosso passeio, Artur foi pra casa chorando porque fomos a uma loja comprar uma lousa e ele teve que ir embora da seção de???..............cadernos. Isso mesmo!!
Porque ele nem ligou para seção de brinquedos......



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