A vida não foi lá muito gentil comigo.
Por isso creio que tenha muita dificuldade de lidar com o ser humano.
Quando temos alguém que não está dentro dos padrões esperados e até mesmo exigidos pela sociedade é que as coisas complicam.
Fica mais complicado ainda quando você observa o contrário.
Vejam, as histórias de crianças e a inclusão costuma ser em sua maioria de fracasso, dor, revolta, vergonha.
Comigo não foi diferente, também enfrentei a hostilidade das diferenças, frequentemente...
Hoje eu vi coisas que me fizeram pensar diferente, mudar algumas perguntas.
As férias acabaram, as aulas se iniciaram na segunda-feira, porém, estamos tentando entrar nos eixos e com muito mau-humor, muita cara feia Artur se levantou para ir para escola.
Normalmente a gente deixa ele com a estagiária, passa alguma coisa rápida ou outra e vai embora.
Hoje a estagiária não veio, a professora foi ver se tinha alguém para ficar com ele. Enquanto ela não voltava fiquei na porta esperando.
Muitos amigos da sala de Art vieram recebê-lo na porta. Abraçaram meu filho com força.
Ouvi coisas do tipo: "- Artur, que saudade de você! Você nunca mais veio!".
" - Venha Artur, te levo para a sala!".
Mais abraços e Artur simplesmente se mandou para sala com seus amigos.
Observei meu filho feliz, o mau-humor de minutos atrás no carro havia acabado. Ele sorria, andava pela sala com seus amigos e acredito que se soubesse se expressar diante de um público maior teria abraçado e beijado a todos também.
Foi uma alegria sem fim naquela sala.
Era quase a hora do café, enquanto esperávamos o diretor um dos amigos do Artur pegou a mochila de minha mão e disse:
"- Deixa que eu guardo a mochila do Artur para você."
Então eu senti a felicidade da aceitação.
Meu filho é alguém especial!
Especial no sentido de querido, de amado, de respeitado.
Como disse há pouco, quando a gente convive mais com a dor do que com a alegria a gente sempre sente medo.
O sofrimento se torna um vício e diante da felicidade as pessoas se pegam fazendo perguntas para acabar com aquilo apenas por medo de ver aquilo acabar.
Então eu me perguntei:
" Quando isso acaba?"
Não precisa ser muito inteligente para entender que o mundo não é como aquela sala. As pessoas tem padrões de exigências até mais devastadores do que décadas atrás quando eu enfrentava as diferenças com meu irmão.
As pessoas são cruéis e eu tenho medo delas porque elas podem atingir o bem mais preciso que possuo: Meus filhos!
Fico me perguntando como é que as pessoas conseguem acabar com essa doçura no ser humano.
Por que as crianças crescem e tem que parar de sorrir, porque tem que parar de aceitar, porque tem que hostilizar.
Fiquei lá na porta da sala e no caminho de volta me perguntando em que série Artur não será mais recebido ou aceito daquela forma calorosa.
Fiquei triste e chorando pensando em inúmeras crianças que não tem esse recebimento assim que chegam na sala.
Fico me perguntando pra que.
Mas eu também sei que o mundo tem mais pessoas como aquelas crianças, o mundo tem mais pessoas como Artur.O mundo tem mais pessoas como eu, que enxergam o outro como a si mesmo.
E ter essa visão dentro de mim me faz ter esperança.
Não é fácil ter esperança quando as pessoas tentam resolver suas dores com dor.
Não é fácil ter esperança quando as pessoas deixam o instinto animal responder mais onde a lei que prevalece é a de atacar antes de ser atacado.
Não é nada fácil, mas creio que nós, mães, pais, qualquer ser humano que precise lidar com uma realidade diferente da comum, da aceita, já tenham entendido que não viemos para o fácil.
Então, hoje eu quero ficar com aqueles sorrisos dos amigos do meu filho. Com aqueles abraços, com aqueles olhares apaixonados, hoje eu quero ficar com o amor...
porque o mundo já tem dores demais, porque estamos cansados, porque eu ando precisando de mais amor... e que se não possamos receber o tanto que gostaríamos, que ao menos não deixemos o nosso acabar...
que mais pessoas possam conviver com ele.
O mundo está deficiente disso.
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Por isso creio que tenha muita dificuldade de lidar com o ser humano.
Quando temos alguém que não está dentro dos padrões esperados e até mesmo exigidos pela sociedade é que as coisas complicam.
Fica mais complicado ainda quando você observa o contrário.
Vejam, as histórias de crianças e a inclusão costuma ser em sua maioria de fracasso, dor, revolta, vergonha.
Comigo não foi diferente, também enfrentei a hostilidade das diferenças, frequentemente...
Hoje eu vi coisas que me fizeram pensar diferente, mudar algumas perguntas.
As férias acabaram, as aulas se iniciaram na segunda-feira, porém, estamos tentando entrar nos eixos e com muito mau-humor, muita cara feia Artur se levantou para ir para escola.
Normalmente a gente deixa ele com a estagiária, passa alguma coisa rápida ou outra e vai embora.
Hoje a estagiária não veio, a professora foi ver se tinha alguém para ficar com ele. Enquanto ela não voltava fiquei na porta esperando.
Muitos amigos da sala de Art vieram recebê-lo na porta. Abraçaram meu filho com força.
Ouvi coisas do tipo: "- Artur, que saudade de você! Você nunca mais veio!".
" - Venha Artur, te levo para a sala!".
Mais abraços e Artur simplesmente se mandou para sala com seus amigos.
Observei meu filho feliz, o mau-humor de minutos atrás no carro havia acabado. Ele sorria, andava pela sala com seus amigos e acredito que se soubesse se expressar diante de um público maior teria abraçado e beijado a todos também.
Foi uma alegria sem fim naquela sala.
Era quase a hora do café, enquanto esperávamos o diretor um dos amigos do Artur pegou a mochila de minha mão e disse:
"- Deixa que eu guardo a mochila do Artur para você."
Então eu senti a felicidade da aceitação.
Meu filho é alguém especial!
Especial no sentido de querido, de amado, de respeitado.
Como disse há pouco, quando a gente convive mais com a dor do que com a alegria a gente sempre sente medo.
O sofrimento se torna um vício e diante da felicidade as pessoas se pegam fazendo perguntas para acabar com aquilo apenas por medo de ver aquilo acabar.
Então eu me perguntei:
" Quando isso acaba?"
Não precisa ser muito inteligente para entender que o mundo não é como aquela sala. As pessoas tem padrões de exigências até mais devastadores do que décadas atrás quando eu enfrentava as diferenças com meu irmão.
As pessoas são cruéis e eu tenho medo delas porque elas podem atingir o bem mais preciso que possuo: Meus filhos!
Fico me perguntando como é que as pessoas conseguem acabar com essa doçura no ser humano.
Por que as crianças crescem e tem que parar de sorrir, porque tem que parar de aceitar, porque tem que hostilizar.
Fiquei lá na porta da sala e no caminho de volta me perguntando em que série Artur não será mais recebido ou aceito daquela forma calorosa.
Fiquei triste e chorando pensando em inúmeras crianças que não tem esse recebimento assim que chegam na sala.
Fico me perguntando pra que.
Mas eu também sei que o mundo tem mais pessoas como aquelas crianças, o mundo tem mais pessoas como Artur.O mundo tem mais pessoas como eu, que enxergam o outro como a si mesmo.
E ter essa visão dentro de mim me faz ter esperança.
Não é fácil ter esperança quando as pessoas tentam resolver suas dores com dor.
Não é fácil ter esperança quando as pessoas deixam o instinto animal responder mais onde a lei que prevalece é a de atacar antes de ser atacado.
Não é nada fácil, mas creio que nós, mães, pais, qualquer ser humano que precise lidar com uma realidade diferente da comum, da aceita, já tenham entendido que não viemos para o fácil.
Então, hoje eu quero ficar com aqueles sorrisos dos amigos do meu filho. Com aqueles abraços, com aqueles olhares apaixonados, hoje eu quero ficar com o amor...
porque o mundo já tem dores demais, porque estamos cansados, porque eu ando precisando de mais amor... e que se não possamos receber o tanto que gostaríamos, que ao menos não deixemos o nosso acabar...
que mais pessoas possam conviver com ele.
O mundo está deficiente disso.