Depressão Pós-filho


Eu reagi com muita força na descoberta da doença de meu filho.
Tive uma força sobre humana, ajudei muito gente com ela, mas com o tempo acabei percebendo o quanto não deu certo.

Eu nunca respeito meu tempo,nunca respeitei nada que viesse de mim e dessa vez não foi diferente.
Eu não me permiti sentir a dor necessária, eu não deixei o meu luto falar, não exteriorizei ele, eu o adormeci dentro de mim.
Numa situação dessas, todo mundo espera uma mãe desesperada, perdida, que fica chorando, lamentando, querendo que o mundo se acabe para q ela se acabe tbm.
E eu não deixei eu fazer isso, não me permiti.
Por um tempo, acreditei que fosse a melhor coisa que eu estava fazendo, eu era uma mulher forte, um exemplo de luta, determinação, eu era feliz.
Sim, por um tempo a vida caminhou bem, mas as noites sem dormir, a sensação de ter q largar a minha vida q nem era vida, até pq eu estava querendo morrer, foi me fazendo mal.
Eu passei a sentir "raiva" do meu filho, raiva de ter q fazer tudo na hora, de ter q seguir as regras q o autismo exige, raiva de eu não poder ser eu mesma.
Eu tinha um filho normal, daí, ele 'morreu', eu ganhei outro filho no lugar e eu não aceitei a maternidade q esse filho me oferecia.
Ela não era o q eu esperava para mim. E, ao contrário de uma mãe que espera 9 meses por um filho, eu esperei mais de 3 anos para entender como seria ser mãe do meu e isso me trouxe tristeza, revolta, muita raiva de Deus, da vida, das pessoas que tinham um filho normal e eu não. 
Eu sonhava com meu filho falando, sonhava com meu filho brincando como uma criança normal e chorava, sofria, sentia ainda mais raiva por não tê-lo.
Ter que entender q mesmo ele tem 3 anos ele não dormiria bem, não dormiria sem ser na minha cama, q ele não come sozinho, q ele não tem como ensiná-lo
ainda a deixar as fraldas me fazia mal a cada dia.
Eu trabalhava até às 19hs, me trancava no quarto, fugia dele noites a fio. Chorava pq meu marido ia trabalhar e me deixava sozinho com ele. Foi o pior momento da minha vida. Eu  sentia que
não amava  meu filho e eu sabia disso.
A vasta experiência q eu tive numa comunidade do orkut, sempre observando, sempre tentando ajudar mulheres com depressão pós-parto me ajudava a compreender q eu estava numa ocasião semelhante.
Observando que eu me identificava com muitas coisas q as via descrever foi que eu compreendi q precisava de ajuda.
Procurei meu psiquiatra q é uma droga, claro e fui atrás dos meus remédios.
Eu sabia q eles não me ajudariam em nada. Como uma perfeita bipolar eu sempre acho os remédios uma estupidez, mas eu precisava fazer isso não por mim,
mas pelos meus filhos.
Eu sabia tbm que enquanto eu não me resolvesse dentro de mim, enfrentasse meus conflitos e PARASSE de segurar a dor de não me conformar em ter um filho especial dentro de mim, eu não teria forças para viver.
Então, fui aceitando essa raiva, esse ódio, essa revolta, deixei ela aflorar.
Senti raiva do mundo, senti raiva de Deus, senti tudo o q eu podia sentir e fui tentando explicar para mim mesma que era só disso que eu precisava.
Fiz, não sei se fiz bem, eu não tinha tempo para esperar uma terapeuta ajudar, meu trabalho é puxado, depois tem as rotinas do Artur, tem a Laura tbm, eu fui me virando sozinha como sempre.
Aos poucos fui aceitando que ao contrário do q eu fiz no começo, eu podia sonhar, fazer planos, acreditar numa melhora de meu filho.
E eu fui melhorando, o relacionamento com ele foi ficando melhor, ele é muito carinhoso e beijoqueiro, ficou fácil fácil me amolecer. rsrs
Qdo a gente tem um filho e sente "ódio" dele sabe q pode estar com depressão pós-parto, é triste demais, a gente perde o rumo, se sente um monstro, mas de repente, sentir isso de uma criança especial, as coisas tomam uma proporção gigantesca, mais cruel e desumana e se eu não me conhecesse o suficiente para compreender q já estava em outra crise depressiva e não procurasse ajuda e,o mais importante: ME ajudasse, nada estaria bem novamente.
Hj eu estou muito feliz, coloquei a meta de parar de olhar um pouco para meu filho como deficiente, como autista, tenho tentado tratá-lo mais como uma criança normal, pq de tanto me focar nisso, eu já não sabia mais se ele fazia certas coisas pq é especial ou apenas pq é criança e tem
dado certo.
Estou muito, muito feliz, satisfeita, a voz do meu filho não me irrita, saio do trabalho e venho direto pra casa, tenho seguido a rotina dele dentro das minhas limitações e estamos indo muito bem.
 Tive muito receio de colocar essa postagem aqui, mas sabe, essa sou eu, criei esse blog para falar sobre a minha viagem como mãe. Não vou esconder isso de vcs, até pq não poderia esconder de mim, a pessoa mais interessada no assunto.
O mais interessante disso tudo é que eu sofri calada, talvez as pessoa mais próximas tenham notado que eu não estava bem, outras eu até me senti à vontade para dizer, mas a maioria das pessoas do meu convívio nunca poderiam imaginar que a minha vida é assim, que eu sou assim.
Vai ter quem se assuste, vai ter quem se identifique, vai ter quem me ache mesmo um monstro. Mas eu sou apenas a Roberta, mãe do Artur e da Ana Laura que está tentando ser mãe da melhor maneira possível, a mãe q eu sei ser, a mãe que quer crescer com seus filhos.

Beijos
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